Sou feliz so por preguiça. A infelicidade da uma trabalheira pior que doença: é preciso entrar e sair dela, afastar os que nos querem consolar, aceitar pêsames por uma porção da alma que nem chegou a falecer:
_Levanta, o dono das preguiças.
E o mando de minha vizinha, a mulata Dona Luarmina. eu respondo:
_ Preguiçoso? Eu ando é a embranquecer as palmas das mãos.
_Conversa de malandro...
_ Sabe uma coisa, Dona luarmina? O trabalho é que escureceu o pobre do preto. E, afora isso, eu so presto é para viver...
Mia Couto, Mar me quer, p.9
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