quarta-feira, 11 de novembro de 2009

De volta para o Brasil

Depois de uma viagem que pareceu uma via crucis, duas horas de avião até Roma, um dia inteiro passeando para esperar o vôo das dez da noite, mais 12 horas dentro de um avião, dois dias e meio em São Paulo, sempre acho bom começarmos em doses homeopaticas quando se trata de apresentar o Brasil para um extrangeiro, e depois para chegar em casa mais 18 horas de ônibus até Ponta Porã.
Uns dias depois e devidamente descansados nas águas de Bonito ja estamos prontos para encarar mais um ônibus até Campinas e um avião até Maceió.

sábado, 24 de outubro de 2009

sábado, 17 de outubro de 2009

Argélia, Fotos

Estou publicando fotos da Argélia, a quem interessar possa, nesse endereço: www.photosamya.tumblr.com

Argélia - Mulheres

Françoise Fillion disse duas coisas em uma de suas inumeras entrevistas que me deixaram um pouco reticente, que a Argélia não tinha maturidade politica suficiente para se governar sozinha e por isso ela não era contra a independência mas sim contra a indepedência naquele momento historico. E a outra coisa, que num pais como a Argélia, o minimo direito que pudessem usufruir as mulheres teria que ser uma conquista dos homens, pois quando a metade da população não tem acesso a educação e ao conhecimento fica complicado que ela possa defender direitos que nem mesmo sabe que tem.
No primeiro caso, ainda tendo minha propria opinião, e eu tenho sempre uma opinião, eu não me sinto no direito de meter o bedelho porque ainda preciso aprender muito sobre todo o processo historico argelino antes da independência, mas no segundo caso estou completamente de acordo com essa senhora, a minima melhora na condição feminina na Argélia tera que vir dos homens e sera pela educação e pelo acesso aos meios de informação por parte das mulheres e isso serão eles a permitir.
O status quo atual so ajuda a classe politica dominante e ninguém mais, me pergunto e perguntei a varios homens na Argélia: E possivel a transformação social que os argelinos sonham depois de 62, quando a metade da população não são consideradas como cidadãs porque pertencem ao outro sexo? E como num pais dependente de uma potência extrangeira e escravista lutar pela liberação sem lutar contra a escravidão.
Porque de nada serve ser o sexo dominante e o macho que manda na tropa se essa tropa é constituida da parte mais fragil e mais ignorante da sociedade. Espero que um dia os homens se dêem conta disso, mas devo admitir que não tenho muita esperança.

Argélia

Ja estou de volta. O bom de sair de uma cidade poluida como Paris é conseguir passar semanas sem alergias e sem acordar espirrando todos as manhãs.
No resumo gostei muito de ter ido para a Argélia. Na verdade sempre quis viajar pelos paises do mediterrâneo, e dos dois lados. Eu imaginava a Argélia um pouco parecida com o Marrocos mas me enganei, alias me enganei porque temos o mau costume de pensar a Africa como um troço mais ou menos homogeneo e é um pensamento absurdo e preconceituoso.
A paisagem que vi na Argélia é de tirar o folego, montes cobertos de oliveiras e arvores frutiferas, vales cobertos de floresta, montanhas e o mar. So tem um porém, o lixo onipresente. Na Cabilia eu demorei quatro dias para ver a primeira lata de lixo, a praia é uma descarga, o unico caminhão de lixo que vi por la pegava o lixo jogado na cidade, e digo jogado porque eles vão amontoando nas esquinas até o dia da passagem do caminhão, joga o lixo nos precipios, na beira das estradas, quer dizer o primeiro vento forte ou a primeira chuva e tudo vai para o mar. Nunca em toda a minha vida o lixo me incomodou tanto, mas eu nunca tinha visto tanto lixo. Conversei sobre isso com varias pessoas locais e a resposta foi sempre a mesma, o governo abandonou a região e o lixo na verdade não incomoda ninguém. Para todo mundo com quem falei, e falei com muita gente, não tem nada de anormal em jogar o proprio lixo na rua ja que todo mundo faz.
Mas acho que mais que uma politica governamental, devem estar tentando afogar a população num mar de dejetos, a questão é mesmo educação, porque em Argel onde passei uns dias a situação é a mesma. So que la vi latas de lixo. Vazias. E o lixo no chão.
E por falar em Argel nunca tinha visto tanto barbudo junto e tanta mulher completamente velada como nesta cidade. Se na Cabilia as mulheres usam e abusam do belo traje tipico colorido que não cobre a cabeça ainda que muitas usam um lenço por questões praticas ja que passam a maior parte do tempo na cozinha, em Argel grande parte da população, pelo menos as pessoas que encontrei na rua, usam o véu e os senhores deixam a barba.
Vim de la com um gosto de quem comeu so uma colher do doce de leite e queria o pote inteiro. Não visistei a Casbah como queria, so dei uma volta. Não conheci os palacios escondidos nas vielas sombrias e não tive a oportunidade de conversar com pessoas desconhecidas. Pouco tempo e eu não estava sozinha, e detesto viajar em companhia!
Em Argel senti uma sensação de mal-estar que nunca tinha sentido em cidade nenhuma, é como se sentir que não se é bem vindo num lugar, tive a impressão que as pessoas não sorriem nunca, e que os extrangeiros não são bem vindos.
Mas esta é claro, a minha impressão pessoal e como sou otimista sei que se ficasse la uns dias a mais e pudesse vagabundear um pouco pela cidade eu mudaria de opinião.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Diario de viagem: Argelia 1

Querendo ou não terminamos sempre emitindo julgamentos de valor relativos a uma cultura diferente e fazendo comparações com a nossa, é humano e ainda que seja de um imenso etnocentrismo seria muito dificil fechar os olhos para tamanha falta de respeito ao direito das mulheres e das crianças.
Estou ainda na Argelia, mais precisamente numa região chamada cabilia, povoada quase totalmente por berberos que ja estavam aqui antes mesmo da chegada dos fenicios.
Tenho convivido com muitas mulheres, e ainda que vinte dias é pouco tempo demais para falar com segurança do que quer que seja, acho que ja consegui perceber algumas coisas.
Na lingua cabila, por exemplo, as formulas de saudaçao enderaçadas a mulher e ao homem sao completamente diferentes: Uma mulher so existe pela familia, pelo marido e pelos filhos, um homem existe por ele mesmo.Por isso quando se encontra uma mulher se diz, literalmente, que deus abençoe os teus, e ao contrario, quando se encontra com um homem, a saudaçao correta é, que deus te abençoe.
A partir dai se começa a compreender um pouquinho a relaçao entre homens e mulheres, mas isso sera para depois porque a gororoba por aqui é boa que so e eu ja vou passar a mesa.

Mercedes Sosa

Na segunda feira, dia 4 morreu umas das mais belas vozes da America Latina, e eu la, num povoado perdido da Cabilia Argelina estava completamente impedida de entrar no blog, porque, so Allah sabe.
Mercedes Sosa abriu minha mente para a musica de protesto latino americana, depois dela conheci Silvio, Pablo, Leon e todos os outros que por meio de uma poesia musical muito proximo do perfeito me ajudaram a ser quem sou, Obrigada Negra, você cumpriu como poucos a tua função neste mundo e melhorou consideravelmente a existência de todos que amamos a musica de nosso continente.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Salvador Allende

ALLENDE

Para matar al hombre de la paz
para golpear su frente limpia de pesadillas
tuvieron que convertirse en pesadilla,
para vencer al hombre de la paz
tuvieron que congregar todos los odios
y además los aviones y los tanques,
para batir al hombre de la paz
tuvieron que bombardearlo hacerlo llama,
porque el hombre de la paz era una fortaleza

Para matar al hombre de la paz
tuvieron que desatar la guerra turbia,
para vencer al hombre de la paz
y acallar su voz modesta y taladrante
tuvieron que empujar el terror hasta el abismo
y matar mas para seguir matando,
para batir al hombre de la paz
tuvieron que asesinarlo muchas veces
porque el hombre de la paz era una fortaleza,

Para matar al hombre de la paz
tuvieron que imaginar que era una tropa,
una armada, una hueste, una brigada,
tuvieron que creer que era otro ejercito,
pero el hombre de la paz era tan solo un pueblo
y tenia en sus manos un fusil y un mandato
y eran necesarios mas tanques mas rencores
mas bombas mas aviones mas oprobios
porque el hombre de la paz era una fortaleza

Para matar al hombre de la paz
para golpear su frente limpia de pesadillas
tuvieron que convertirse en pesadilla,
para vencer al hombre de la paz
tuvieron que afiliarse siempre a la muerte
matar y matar mas para seguir matando
y condenarse a la blindada soledad,
para matar al hombre que era un pueblo
tuvieron que quedarse sin el pueblo.

Mario Benedetti

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Ai Chico do meu coração faço minha cada uma das tuas palavras

Férias de novo

Domingo viajo para a Argélia, quem sabe voltando de la eu deixo de ser esse ser humano sem graça e sem assunto e publique alguma coisa aqui no blog. Mas tem fotinhas la no Imagens, sempre tem.

domingo, 13 de setembro de 2009

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Brice Hortefeux e mais uma gafe








"Il en faut toujours un. Quand il y en a un ça va. C'est quand il y en a beaucoup qu'il y a des problèmes." *

Comentario infeliz do ministro da integração, imigração e identidade nacional Brice Hortefeux, durante a faculdade de verão do UMP (partido governamental), referindo-se a um militante de origem magrebina.

* E sempre necessario um. Quando é so um tudo bem. E quando são muitos que começam os problemas.


Mas sabem o que mais me incomoda? Nem é o fato de alguém lembrar que "apesar de arabe ele come porco", nem do ministro dizer que quando eles sao muitos causam problemas ou que ele não se parece com o prototipo. O incômodo para mim, o que me causa realmente mal estar é o corozinho colonialista, preconceituoso, e cheio de piedade que la de tras começa; " é o nosso, é o nosso arabezinho". Terrivel isso não?

So para lembrar esse é o mesmo ministro que organizou a reunião sobre a imigração em Vichy.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Fico meio reticente em publicar videos ou links em inglês. Acho que é um pouco esnobe isso de achar que todo mundo vai entender uma lingua que não é a nossa. Me irrita consideravelmente também ver posts de brasileiros carregados de inglês como se fosse chic, moderno, atual, colocar tudo em inglês. De uma pobreza...
Pois é, as quatro linhas acima são para tranquilizar a minha consciência porque eu queria colocar esse video abaixo que achei tão bonito.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A propaganda da Triton

O texto do post e as fotos da publicidade da Triton foram retirados do blog, http://sindromedeestocolmo.com/ da Denise Arcoverde.
Obrigada Denise por me permitir a reprodução do post.








Apesar de acontecer a toda hora, em todo o país, somente de vez em quando, um caso de mulher morta pelo marido ou namorado e vira assunto. Aí é matéria na Globo e a sociedade se emociona e se revolta, depois esquece.
Quanto mais machista e falocrático, o país, maior a banalização da violência contra mulher. O Brasil tem avançado em tantas coisas, mas minha impressão, aqui de fora, é que a situação da mulher não muda nada ou até piora.
Essas fotos acima são da nova campanha de primavera-verão da marca Triton. Elas seriam impensáveis em muitos países que já passaram por um processo de discussão sobre o impacto da mídia na sociedade. Agora me digam, porque cargas d’água a gente tem de aceitar que uma empresa ganhe dinheiro às custas da glamurização da violência e assassinato de mulheres?
Quando eu falo tanto, aqui no blog, sobre essas campanhas publicitárias, não é somente porque as imagens de mulheres sendo agredidas fisicamente “não me agradam”. Não é porque eu “não consigo separar a ficção da realidade” ou porque eu quero censurar a “enorme criatividade” dos nossos premiados publicitários.
O fato é que ninguém sai impune desse bombardeio de imagens degradantes, da mulher sempre vista como parte mais fraca, vítima, submissa ao garanhão, dono do poder de vida e morte. Há poucos dias, a socióloga Luzia Azevedo, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) defendeu que a maioria dos crimes contra a mulher estão relacionados ao sexismo, mesmo quando não são registrados dessa forma.
E não me digam que é “somente uma propaganda”, não. No estudo Images of women in advertisements: Effects on attitudes related to sexual aggression, de Katherine Covell e Kyra Lanis, por exemplo, demonstraram que homens expostos a propagandas nas quais as mulheres eram usadas como objeto sexual, posteriormente, eram mais tolerantes e apoiavam atitudes relacionadas à violência sexual. Enquanto que mulheres expostas a imagens de mulheres em uma postura mais forte se mostraram menos tolerantes a essas situações.
Eu não sou cliente da Triton, mas se fosse, deixaria de compra lá, agora. Basta, né?
Vamos escrever para o
CONAR, que é o conselho “auto-regulamentador” da publicidade denunciando o abuso dessas fotos acima? No site do Conar, tem um link (logo abaixo do banner) para reclamações. Quanto mais pessoas escreverem, mais fácil de sermos ouvidas. Por favor, divulguem esse absurdo em seus blogs, Facebook, Orkut e listas de discussão,
Também podemos demonstrar nossa indignação direto à Triton. Não achei email no site deles, mas tem um Blog onde podemos deixar algum comentário. E, quem tem conta no Twitter, pode postar sobre isso, colocando o id deles: @tritonlovers.
Não dá pra fazer de conta que isso aí “não tem nada demais”, né ?!
Para quem quiser ler o post no blog da Denise:

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

BORGES NO INFERNO

José Eduardo Agualusa


Jorge Luis Borges soube que tinha morrido quando, tendo fechado os olhos para melhor escutar o longínquo rumor da noite crescendo sobre Genebra, começou a ver. Distinguiu primeiro uma luz vermelha, muito intensa, e compreendeu que era o fulgor do sol filtrado pelas suas pálpebras. Abriu os olhos, inclinou o rosto, e viu uma fileira de densas sombras verdes. Estava estendido de costas numa plantação de bananeiras. Aquilo deixou-o de mau humor. Bananeiras?! Ele sempre imaginara o paraíso como uma enorme biblioteca: uma sucessão interminável de corredores, escadas e outros corredores, ainda mais escadas e novos corredores, e todos eles com livros empilhados até o tecto.

Levantou-se. Endireitou-se com dificuldade, sentindo-se desconfortável dentro do próprio corpo subitamente rejuvenescido (quando morremos reencarnamos jovens e Borges não se recordava de como isso era.) Caminhou devagar entre as bananeiras. Parecia-lhe pouco provável encontrar ali alguém conhecido, ou seja, alguém de quem tivesse lido algo. Ou alguém sobre quem tivesse lido algo. Nesse caso seria alguém um pouco menos conhecido, ou um pouco menos alguém, ou ambas as coisas.

A plantação prolongava-se por toda a eternidade. Uma dúvida começou a atormentá-lo: talvez estivesse, afinal, não no paraíso, mas no inferno. Para onde quer que olhasse só avistava as largas folhas verdes, os pesados cachos amarelos, e sobre essa idêntica paisagem um céu imensamente azul. Borges lamentava a ausência de livros. Se ali ao menos existissem tigres – tigres metafóricos, claro, com um alfabeto secreto gravado nas manchas do dorso –, se houvesse algures um labirinto, ou uma esquina cor-de-rosa (bastava-lhe a esquina), mas não: só avistava bananeiras, bananeiras, ainda bananeiras. Bananeiras a perder de vista.

Percorreu sem cansaço, mas com crescente fastio, a infinita plantação. Era como se andasse em círculos. Era como se não andasse. Fazia-lhe falta a cegueira. Cego, o que não via tinha mais cores do que aquilo – além do mistério, claro. Como é que um homem morre na Suíça e ressuscita para a vida eterna entre bananeiras?

Borges não gostava da América Latina. A Argentina, como se sabe, é um país europeu (ou quase), que por desgraça faz fronteira com o Brasil, Chile, Uruguai e Paraguai. Para Borges, aquele quase sempre foi um espinho cravado no fundo da alma. Isso e a vizinhança. Os índios ele ainda tolerava. Tinham fornecido bons motivos para a literatura e além disso estavam mortos. O pior eram os negros e os mestiços, gente capaz de transformar o grande drama da vida – da vida, meu Deus! – numa festa ruidosa. Borges sentia-se europeu. Gostava de ler os clássicos gregos (gostaria de os ter lido em grego). Gostava do silêncio poderoso das velhas catedrais.

Foi então que a viu. À sua frente uma mulher flutuava, pálida e nua, sobre as bananeiras. A mulher dormia, com o rosto voltado para o sol e as mãos pousadas sobre os seios, e era belíssima, mas isso para Borges não tinha grande importância (a especialidade dele sempre foram os tigres). Horrorizado compreendeu o equívoco. Deus confundira-o com outro escritor latino-americano. Aquele paraíso fora construído, só podia ter sido construído, a pensar em Gabriel García Marquez.

Jorge Luis Borges sentou-se sobre a terra úmida. Levantou o braço, colheu uma banana, descascou-a e comeu-a. Pensou em Gabriel García Marquez e voltou a experimentar o intolerável tormento da inveja. Um dia o escritor colombiano fechará os olhos, para melhor escutar o rumor longínquo da noite, e quando os reabrir estará deitado de costas sobre o lajedo frio de uma biblioteca. Caminhará pelos corredores, subirá escadas, atravessará outros corredores, ainda mais escadas e novos corredores, e em todos eles encontrará livros, milhares, milhões de livros. Um labirinto infinito, forrado de estantes até o tecto, e nessas estantes todos os livros escritos e por escrever, todas as combinações possíveis de palavras em todas as línguas dos homens.

Jorge Luis Borges descascou outra banana e nesse momento um sorriso – ou algo como um sorriso – iluminou-lhe o rosto. Começava a adivinhar naquele equívoco cruel um inesperado sentido: sendo certo que o paraíso do outro era agora o inferno dele, então o paraíso dele haveria de ser, certamente, o inferno do outro.

Borges terminou de descascar a banana e comeu-a. Era boa. Era um bom inferno, aquele.



do blog Caquis Caidos de Adriana Lisboa

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

J'adore J'adore

J'adore

Eu queria saber bater. Mas bater de verdade, que dar uns tapas eu sei. Mas não é disso que eu estou falando. Eu queria saber bater igual mulher policia em filme americano, quando elas pegam os malvados e arrebentam com todo mundo. Eu adoro, chego a salivar na frente da televisão pensando em como seria delicioso dar uns tabefes bem dados.
Hoje é um desses dias que eu queria ser boa de briga, mas daquelas que so batem ,porque apanhar eu nunca apanhei, mas sei ja que não gosto.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Paroles, paroles, paroles

Como é que as pessoas assistem reality show? Como podem acreditar que não tem um script por tras de todas as asneiras que assistem? E como podem gostar de um script tão pobre?
E não venham os mais metidos a intelectuais dizerem que assistem essas porcarias com um olhar sociologico sobre a coisa, que os candidatos desses programas absurdos são o reflexo da sociedade.
Desculpa la, isso não existe não, quem assiste reality show gosta de porcaria televisa representada por maus atores e so. Nada mais que isso.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Si Dios fuera una mujer


¿y si Dios fuera una mujer?
-Juan Gelman



¿Y si Dios fuera mujer?
pregunta Juan sin inmutarse,
vaya, vaya si Dios fuera mujer
es posible que agnósticos y ateos
no dijéramos no con la cabeza
y dijéramos sí con las entrañas.

Tal vez nos acercáramos a su divina desnudez
para besar sus pies no de bronce,
su pubis no de piedra,
sus pechos no de mármol,
sus labios no de yeso.

Si Dios fuera mujer la abrazaríamos
para arrancarla de su lontananza
y no habría que jurar
hasta que la muerte nos separe
ya que sería inmortal por antonomasia
y en vez de transmitirnos SIDA o pánico
nos contagiaría su inmortalidad.

Si Dios fuera mujer no se instalaría
lejana en el reino de los cielos,
sino que nos aguardaría en el zaguán del infierno,
con sus brazos no cerrados,
su rosa no de plástico
y su amor no de ángeles.

Ay Dios mío, Dios mío
si hasta siempre y desde siempre
fueras una mujer
qué lindo escándalo sería,
qué venturosa, espléndida, imposible,
prodigiosa blasfemia.


Mario Benedetti


segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Mujeres Creando



Estava em La Paz quando abriram o café Arte Mujer e Carcajadas, tive também o prazer de encontrar muitas vezes a Maria Galindo na UMSA (Universidad Mayor de San Andrés). Sei o quanto Maria e Julieta soferam para fazer vingar aquele que é provavelmente o primeiro movimento feminista e intitulado feminista na Bolivia, violência verbal e fisica, desprezo social e imagino, muitas dificuldades econômicas para começar. Infelizmente não fiz parte do movimento, mas acompanhei de perto e tive o prazer de visitar varias vezes o café.
A pagina web se chama www.mujerescreando.org visitem a pagina, vale muito a pena conhecer o movimento e comprem o livro dos grafites, é fantastico. Antes que eu me esqueça, elas tem também uma radio, www.radiodeseo.com
Tem uma coisa que vejo muito depois que estou vivendo em Paris e que me irrita horrores, é a discriminação escondida pelo politicamente correto.
Me explico, conheci uma certa quantidade de gente super politicamente correta, que se inscrevem na Amnesty International, que sofrem diante de um caso de discriminação racial ou etnica, que acredita e acredita que acredita que neste mundo somos todos iguais e todos merecedores de um espaço sob o sol, bom, no caso de Paris sob as nuvens e oito meses por ano sob o cinza.
O problema é na relação direta que vejo dessas mesmas pessoas com o proximo que esta realmente proximo, ali, do lado.
Eu sou muito observadora e se não fosse tão impulsiva e tão faladora ainda teria mais historias para contar. Mas vamos la.
O primeiro exemplo disso eu vi no meu primeiro emprego. Quando cheguei trabalhei numa loja de sapatos no bairro mais popular da cidade, Barbés. Um casal de judeus, proprietarios da loja me deram o trabalho por minhas qualidades linguisticas, menos quando se trata do francês, é claro, por que nesta época eu so falava bonjour e merci.
A dona da loja tinha todo um discurso de igualdade humana, pretos, brancos, catolicos, muçulmanos e judeus, todos somos iguais. Lindo né? Pois então, so que ela entrava com uma buxinha e um produto de limpeza cada vez que queria usar o banheiro e mesmo varias vezes por dia. Perguntei a ela porque e a resposta (aproximativa, lembrem-se que eu não falava francês) foi: os meninos não levantam a tampa então tenho que estar sempre limpando. Pera ai minha senhora, vai ficar limpando mijo de barbado até quando? Entao a igualdade de gênero nao entra na sua listinha de politicamente correto? Pedi a ela que me deixasse resolver o caso pois ela se sentia mal em falar de uma coisa assim tao intima com homens. Comecei a ficar na porta do banheiro cada vez que entrava um representante do sexo que manda e depois inspecionavamos juntos, se tivesse uma gotinha o cabra limpava ali na minha frente, e sabe o que? deu certo, até porque eu acho que fazer xixi dentro da privada era mais facil que me suportar fazendo discursos que ninguem entendia acompanhado de cinco palavras que aprendi para a ocasiao.
Outra coisa foi na universidade, estudei em Paris 8 a universidade mais popular desta cidade, inclusive muito insultada por brasileiros que vem para ca sonhando com a Sorbonne e so conseguem vaga por la, porque é uma universidade que da vagas a todos, so que filho, entrar é facil, sair é que sao elas, porque o troço nao é facil nao. Tinha uma aula muito interessante de antropologia econômica com um professor fantastico a quem devo muito pela paciência e coragem para me ensinar calculos de economia. Neste curso eramos mais ou menos divididos entre metade muçulmanos e metade todo o resto, o que diga-se de passagem nunca criou nenhum tipo de conflito, mas quando se usava o exemplo de uma religiao monoteista para explicar qualquer coisa que nao fosse la muito positiva, o isla nunca era colocado no roda. Um dia perguntei a ele porque, e ele disse que era impressao minha, pode ser, respondi, entao para acabar com essa minha impressao vamos começar a falar mal dos turcos, nao que falar mal dos romanos me incomode, ate gosto, mas o espirito critico tem que ser imparcial numa sala de aula.
Deu mais ou menos certo, mas as discussoes foram fantasticas e aprendemos economia e sociologia religiosa tudo em tres horas por semana.
Do museu nao vou falar porque cada vez que penso que trabalhei naquele antro tenho vontade de sair cuspindo no mundo e hoje estou de bom humor.
Do batobus também nao porque ali o negocio era corretissimo, homem, mulher, branco, preto, todo mundo levava ferro.
Da outra compania de barco, sexista a morte, mulheres eram so caixeiras, assistentes ou secretarias, mas o chefe era um bolha machista e aqui era o outro politicamente correto que quero contar. Quando entrei so uma das meninas que trabalhavam na caixa era negra, mas um capitao e uma das assistentes do serviço comercial tambem eram. O problema é que essa menina era uma completa inutil, chegava atrazada quase todos os dias, passava os seus dias de trabalho entre o celular e o facebook, saia para almoçar e voltava quando tinha vontade e por ai vai. E nunca, nunquinha da silva nossos superiores hierarquicos imediatos fizeram nenhuma remarca, e porque? porque eles tinham medo de ser chamados de racistas se dessem um chega para la numa menina negra. Mas gente, ja viram exemplo mais claro de racismo que isso? Nao querer parecer racista? Tratar o negro como se ele fosse diferente do branco, incapaz de ter responsabilidades, de respeitar horarios ou qualquer outra coisa que se exige dos outros brancos que fazem o mesmo trabalho? E isso eu vejo o tempo todo, nos mercados, nos trabalhos, no transporte publico, o negro é protegido, mas protegido simplesmente ali, no superficial, porque no frigir dos ovos o preconceito existe e cada dia se reforça. Porque o chefe que diz nao querer ser chamado de racista é o mesmo que vai preferir contratar um branco para evitar esse tipo de situaçao. Claro que eu nao ia deixar passar mais essa a limpo e no final fui chamada, pela menina em questao, de branca racista.
Para ela a situaçao era comoda, e para varios negros que vejo aqui sem outra ambiçao que um trabalhinho mais ou menos e a ajuda do estado tudo isso ta bom assim, porque algumas pessoas, e espero que sejam a minoria, a situaçao de vitima é confortavel, culpar os outros pelas nossas desgraças é muito mais facil que tomar nossas proprias responsabilidades e isso me desespera, porque eu passo la no forum Les Halles e vejo toda uma geraçao de meninos e meninas completamente perdida, e sao todos negros. Com quinze anos ja estao fora da escola, as meninas tem filhos ainda adolescentes, os meninos que tem sorte terminam como segurança em supermercado e os que tem menos sorte na cadeia por trafico de drogas. E eu nao estou falando do Brasil, um pais claramente racista. Estou falando da França e de uma geraçao que aprendeu com os pais que eles sao sempre vitimas e nao podem ter nenhuma aspiraçao maior que o RMI (revenue minimum de inserction, uma miseria que o governo da para quem nao trabalha). E nao é possivel que uma situaçao tao desesperadora tenha so um culpado, porque vou dizer uma coisa para voces, eu como mulher e latino americana quando quero alguma coisa nao posso esperar que seja o branco, europeu e homem, me dê de mao beijada, porque ele nao vai sair do conforto dele para resolver os meus problemas, e acho que o mesmo acontece nas relaçoes raciais aqui. E sim, sei que a palavra raça foi banida a tempos mas eu nao sei que palavra usar, e "francês de cor" podem esquecer, da minha boquinha nao sai esse troço feio nao.

P.S.: Os acentos da metade do post para baixo? perguntem ao meu computa porque eu ja cansei de tentar intendê-lo.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Abri uma pagina para colocar fotos, o flickr é muito chato e tem limites mensais, e eu não penso de jeito nenhum em pagar para colocar fotos no flickr. Quem quiser ver: www.photosamya.tumblr.com
Decidi fazer um percurso educativo nos blogs das feministas brasileiras, então no lugar de perder preciosas horas do rarissimo sol parisiense escrevendo no meu proprio blog ou lendo o que me agrada por ai eu decidi investir em saber o que pensam as mulheres feministas do meu brasil VARONIL.Gostei não, alias gostei bem pouco, porque o que me cabreou mesmo não foram os posts e sim os comentarios. Ja aconteceu com vocês de terem a impressão que algumas pessoas lêem mas não sabem o que lêem? Pois é, foi a impressão que eu tive. Mas isso é so um desabafo.

sábado, 1 de agosto de 2009

sábado, 25 de julho de 2009

Esta quase na hora de deixar Paris e pela primeira vez é a cidade, mais que as pessoas, que dificulta a minha partida. Ontem, caminhando pela Île de Saint Louis, me perguntava como posso fazer para viver sem Paris, porque é exatamente essa a pergunta, uma vez que vivi em Paris como faço para viver em outro lugar?
Il n'y a jamais de fin à Paris et le souvenir qu'en gardent tous ceux que y ont vécu diffère d'une personne à l'autre. Nous y sommes toujours revenus, et peu importait qui nos étions, chaque fois, ou comment il avai changé, ou avec quelles difficultés - ou quelles commodités - nous pouvions nous y rendre. Paris valait toujours la peine, et vous receviez toujours quelque chose en retour de ce que vous lui donniez. Mais tel était le Paris de notre jeunesse, au temps où nous étions pauvres et très heureux.

Ernest Hemingway, Paris est une fête.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Branco







Ilha do Principe, Mar de Marmara.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

REVELACIÓN

¿Ves?: Tengo sangre
en las venas...
En estas venas
verdes, frágiles
que se enredan
como ríos de mapa entre la carne.

Tengo sangre
fresca,-¡viva!-en las venas...
¡Tengo esta
sangre que me late
en las sienes, que arde
por bajo de mi quieta
palabra y me la llena
de luz y me la quema
sin decir!..,
Tengo sangre: ¿No lo sabes?

Tengo una nueva
Y vieja
Sangre
que no espera
más, que se hace
una sola
ola
gigante,
¡una ola suspensa
que se abre!...

¿Ves?: La tengo; esta aquí... ¿No lo sabías?

¡No lo sabía yo, y era mi sangre!...

Dulce Maria Loynaz

sábado, 18 de julho de 2009

De novo a burca

Sei que estou sendo repetitiva mas é que às vezes ficam uns assuntos aqui engasgados na minha garganta e se eu não ponho para fora fica impossivel respirar direito.
Voltando sempre a questao da burca na França e uma possivel proibiçao por parte do governo, acho que a discussão nos blogs brasileiros que tive a possibilidade de ler esta muito superficial, talvez, nao seja a palavra correta, de qualquer forma acho que esta fora da realidade e das razoes da discussao.
Nao se pode, nao adianta, nao é possivel começar uma discussao sobre a anulaçao feminina que é o uso da burca e terminar falando que no Brasil as mulheres sofrem o mesmo tipo de repressao porque sao "obrigadas a pintar as unhas e estar sempre bem vestidas". Nao é a mesma coisa. NAO EH A MESMA COISA!
A discussao, na minha opiniao vai muito alem da ingerencia do estado na liberdade vestimentaria de seus cidadaos. Proibir a burca significa esperança para uma imensa quantidade de meninas e mulheres que vivem nas periferias das grandes cidades francesas e que sao assediadas cada dia por se vestirem como "francesas" isto eh, saia curta, jeans, decote... A violencia é imensa, e nao eh so verbal, estupros e pancadas fazem parte, extremos na verdade, mas nao por isso raros, do dia a dia de quem vivendo numa periferia nao se adequa a ideia deturpada e perversa que fazem alguns meninos da religiao muçulmana. E a burca legitima essa violência. A burca e o niqab estao ali para dizer, sim, voces tem razao, uma mulher deve se cobrir, porque a mulher que se expoe a olhares masculinos se expoe tambem a todo tipo de agressao por parte de outros homens.
Outra coisa terrivel que ja falei antes eh a anulaçao da mulher como corpo material. Quantas pessoas que falaram sobre relativismo e sobre direito de escolha nos blogs femininos tiveram a experiencia de conversar com uma mulher que usa a burca ou o niqab? Pois eh, o problema eh que quando conversamos com uma pessoa frente a frente e ela esta escondida, o interlocutor como corpo material nao existe. Ela nao existe aos nossos olhos e nao existe para a sociedade. E isso implica dificuldades para, por exemplo, ir ao medico, porque uma mulher velada nao pode ser consultada por um medico homem e isso ja foi motivo para muita discussao na França, pois alguns casos de agressoes contra medicos por parte de maridos violentos ou mesmo de mulheres que nao foram adequadamente tratadas porque a burca e o marido nao permitiam.
Entao eu acho que comparar isso com unha feita nao da. Porque estou de acordo que somos exageradas a morte quando se trata de "andar arrumadinha", mas isso nao nos causa problemas maiores, nenhum tipo de agressao, de discriminaçao. No maximo nao vao me deixar entrar numa boate se eu nao estiver bem vestida, e quem quer entrar num lugar desses?
A nossa noçao de higiene corporal eh sem duvida nenhuma exagerada, mas eh parte de nossa cultura e nao agride ninguem, eu me dou conta dos pensamentos selvagens que me passam pela cabeça quando vejo um ser humano de unha suja, ou que sai do banheiro sem lavar as mao, ou o fim do mundo para mim, uns sovacos peludos. Mas essa eh a minha concepçao da minha propria higiene, condicionada pela minha cultura, sem duvida, mas que nao faz mal a ninguem ate porque cada um nessa vida deixa os cabelos crescerem onde quiserem.
O que eu quero dizer, eh que nenhuma mulher eh obrigada na sociedade ocidental a ser sedutora 24 horas por dia, isso eh uma escolha, voce pode querer usar salto alto ou preferir um chinelinho, voce pode escolher! E existem leis que nos amparam, nao ha no mundo ninguem que ditara a minha relaçao com o meu corpo, porque ainda que a midia nos martele o dia inteiro como devemos nos vestir ou qual refrigerante temos que beber para estar na moda, ninguem eh obrigado a nada. Nem eu, nem vocês. Mas elas sao, a burca que anula, que oprime, que nega a existencia feminina eh uma imposiçao social que pode terminar em morte pela honra, e com isso nem se discute.

obs: e os acentos ficam para outro post.



Corajosa e correta a posiçao do governo brasileiro em relaçao à sua politica energética no que diz respeito ao Paraguai e à usina de Itaipu. Honestidade nunca fez mal a ninguém.

sábado, 11 de julho de 2009

sexta-feira, 10 de julho de 2009


Interior da Mesquita Azul, Istambul.
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quarta-feira, 8 de julho de 2009

O Paulo Granjo do blog Antropocoiso, um dos meus cinco leitores, me honrou com esse selo e de acordo com a explicação copiada la no blog dele,
«O selo deste prémio foi criado a pensar nos blogs que demonstram talento, seja nas artes, nas letras, nas ciências, na poesia ou em qualquer outra área e que, com isso, enriquecem a blogosfera e a vida dos seus leitores.»E acrescenta-se que «o símbolo do infinito é um 8 deitado, em tudo semelhante a esta fita, que não tem interior nem exterior, tal como no anel de Möbius, que se percorre infinitamente".

Continuo aqui respeitando as regras de premiação, passo o selo a 7 outros blogs que leio e acompanho.


Para o "Dia a dia em fotografia" (http://www.diaadiaemfotografia.blogspot.com/) pelas fotos deliciosas e cheias de sensibilidade;


Ao "Um blog que seja seu"(http://www.umblogquesejaseu.blogspot.com/) , pela inteligência;


Ao "Come-se" (http://www.come-se.blogspot.com/) porque é o blog de cozinha mais competente da blogosfera;


Para o "Blog do Albino incoerente" (http://www.albinoincoerente.blogspot.com/) por ensinar a cada um de nos o que é o albinismo;


Ao "Festa movel" (http://www.festamovel.blogspot.com/) pelos textos deliciosos;


Para " Nem putas nem submissas"(http://www.nemputasnemsubmissas.blogspot.com/) porque é outra mulher braba feito eu;


e para terminar, para o " Brazil Nut" (http://www.brazilnut-nyc.blogspot.com/) por me ensinar a ver o veganismo com outros olhos.

sábado, 4 de julho de 2009

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Agora sim: atualizei o flickr.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Porque às vezes eu tenho a impressão que o grande veiculo que condiciona opinião feminina no Brasil são mesmo as novelas.
Cada vez que se coloca em pauta um assunto sério como a opressão feminina com o uso de roupas degradantes e opressivas como o hijab, a burca ou qualquer coisa que esconda o fruto proibido que induz ao pecado, eu tenho a impressão que as mulheres argumentam pensando na Jade e no Said.
Não é não minha gente, o buraco é consideravelmente mais embaixo! Pelo amor dos meus filhinhos, internet existe! Vocês não querem ir em uma biblioteca? ok, eu entendo, nem todo mundo gosta. Mas puta que los pario, compare uma afgana velada e as roupichas da Jade e vocês verão a diferença. Comparem o senhor de 60 anos casado com a menina de dez que é violentada cada dia e vocês verão a diferença com o Said.
E não eu não estou demonizando o mundo islâmico. Estou demonizando sim, aqueles seres humanos que por maldade, estupidez e porque não, ignorância religiosa, usam o islã, ou o cristianismo, ou o judaismo ou ainda o hinduismo para transformar seres humanos em animais domésticos ou selvagens, dependendo do caso.
E guardem para vocês a conversa mole sobre relativismo, a opressão e a violência não se relativiza. Existe uma diferença abissal entre cicatrizes faciais entre as mulheres iorubas na Nigeria e excisão feminina. E sim, ainda detestando o Sarkozy com todas as forças do meu ser, estou completamente de acordo com a opinião dele sobre a burca. E continuo achando que o partido socialista francês faliu completamente na sua politica com os extrangeiros ou franceses de outras religiões.

O desabafo é pelos comentarios que li ao excelente post da Cynthia Semiramis.

terça-feira, 30 de junho de 2009

sábado, 27 de junho de 2009

Achei este texto passeando pela net e sim, é desse jeitinho mesmo, talvez menos quando se trate de crianças, acho elas um porre, mal educadas e mandonas, e eu vou morrer de saudades de tudo isso daqui alguns meses.


France mode d'emploi - Guia antropológico de viagem

Pão é alimento e a gente come para encher a pança ou para matar a fome, certo? Se você acha que sim, provavelmente nunca saiu do Brasil ou mesmo de seu Estado. Se saiu e ainda continua achando que sim, não deve ser uma pessoa muito observadora, convenhamos.
Guias de viagem se multiplicam em prateleiras de livrarias e em bancas, dando dicas ao marinheiro de primeira viagem sobre aonde ir, como utilizar o transporte local, o que conhecer e o que comprar em cada destino escolhido.

Além disso, trazem mapas, muitos mapas. Alguns desses compêndios chegam a contemplar um pouco da história do lugar. Mas há coisas que a gente só aprende observando o dia-a-dia de um nativo ou vivendo como se fosse um. Nenhum guia de viagem diz, por exemplo, que o pãozinho francês não existe na França.

Se você quiser comer pão por lá, vai ter que escolher entre a baguette, o pain de campagne, o pain aux épices, o pain complet e por aí vai. E não adianta dizer "quero pão". Imediatamente, o padeiro vai te perguntar "qual deles", enumerando uma listinha.

Depois de duas horas escolhendo o pão, finalmente você consegue sair de uma boulangerie com um formidável exemplar, imaginando uma manteiguinha derretendo sobre o dito cujo. Para acompanhar, uma farta xícara de café-com-leite e uma fatia de queijo canastra. Não na França, cher ami. É bom você saber de uma vez que pão, por lá, não é alimento, mas sim utensílio. O pão na França está mais para guardanapo do que para comida, não sendo raro um francês comprar uma baguette inteira para "usar" apenas uma das pontas, limpando o prato. E o resto? - você me pergunta. Vai para o lixo sem a menor cerimônia, eu te respondo.

O pão é um utensílio muito maltratado no país de Sarkozy, coitado (não do Sarkozy, do pão). Franceses acham que o pão é imune à sujeira. Por isso, ele passa de mão em mão, cai no chão, é jogado sobre o painel dos carros, levado debaixo do sovaco junto com o poodle, além de ser quebrado assim que passa na esteira do supermercado a fim de caber na sacola junto com o detergente. Tudo isso como veio ao mundo: nu. Experimente pedir ao padeiro para enfiar a baguette num saco de papel e ele vai te olhar como se você tivesse mania de limpeza.

Algum guia de viagem sobre a França já te disse isso?

O país se orgulha de ser o maior produtor e consumidor de queijo do mundo. Dizem que são 365 tipos de queijo ou um para cada dia do ano. Para acompanhar, também há uma variedade enorme de vinhos nacionais mais baratos (por lá, claro) do que uma cerveja ou um sanduíche. Com tanto tipo de queijo e vinho, os franceses fazem o que é certo: degustam, em vez de "mandar pra dentro". Esse conceito é estendido à comida em geral (exceto o pão que, como vimos, não é alimento) e aí reside o segredo de boa-forma das francesas: a moderação.

Certa vez, levei duas tortinhas de morango (do tamanho da palma da mão, cada uma) para a casa de uma conhecida para acompanhar o nosso chá. Imaginei que cada uma de nós devoraria a sua respectiva tortinha, mas tive uma decepção pueril ao vê-la guardar uma no frigo e retalhar a outra em 16 minúsculos pedacinhos. Ela ainda conseguia dar três mordidas em cada pedacinho, levando meia hora para acabar com 1/16 avos da minha gentileza. Tive vontade de arrombar a geladeira e levar o meu inteiro de volta.

Mas se pão não é alimento e comer não tem a finalidade de matar a fome, qual será o uso do banho francês?


Não espere da salle de bains francesa um espaço aconchegante para o deleite termal de uma Cleópatra. A água na Europa é coisa cara. Não dá para abrir o chuveiro e deixá-la cair por horas, a fim de lavar todas as impurezas da alma. Mesmo porque não há chuveiro na França. O que há por lá é uma espécie de ducha que pode ser afixada num suporte preso na parede. Eu disse "pode", porque muitas vezes não é. Quando não existe esse suporte, o sujeito entra numa banheira ou numa espécie de tina e tenta se enxaguar como se um telefone cuspisse água. Se você está de viagem marcada para a França e quer ir treinando a aventura, tente tomar banho com a ducha sanitária da sua casa sobre uma bacia. É mais ou menos a mesma coisa.

É bom saber primeiramente que, para os europeus, existe uma diferença entre tomar banho e tomar uma ducha. Tomar banho implica, necessariamente, a imersão em banheira. Já a ducha é o que seria o nosso chuveiro.

Segundamente, enquanto os europeus tomam banho (ou ducha) para se limpar, nós tomamos banho (ou ducha) para tudo: limpar-nos, relaxarmos depois de um dia cansativo, despertar para uma manhã de trabalho e até mesmo para refrescar. E até no Brasil isso tem diferença: um ou dois banhos por dia podem ser o suficiente no sudeste, mas é pouco no nordeste. Em Natal, toma-se uma ducha toda vez que se vai sair de casa. É quase como lavar as mãos.Que guia de viagem elucida essas questões para o pobre viajante?

Que guia de viagem te diz que, em Paris, o lado esquerdo das escadas rolantes são reservados aos apressadinhos e, portanto, se você e seu amigo proseiam no trajeto, que fique um no degrau de cima, outro no de baixo, ambos à direita? Que guia salienta que isso só se aplica a Paris e não, necessariamente, ao resto da França?

Gafes... Muitas gafes, mon pote. A gente vai aprendendo na marra mesmo. E vai fazendo um esforço danado para não bocejar na frente de um francês porque isso é a morte para eles, ao passo que temos que suportar uma assoada de nariz estrondosa em qualquer espaço público ou privado.

Se estiver em meio a uma platéia silenciosa, numa conferência internacional sobre a criação de codornas, não se assuste ao ouvir as trombetas nasais do seu companheiro do lado ou até mesmo do palestrante. A sua cabeça seria a única a virar, reprovando o sujeito que insiste há três minutos em soltar aquele ranho preso no alto do sínus direito.

Fora as trombetas nasais, a França é um país silencioso por excelência. Tão silencioso que chega a ser irritante. Depois a gente acaba acostumando, mas no início é estranho perceber que os cães franceses não latem e as crianças não gritam nem choram. Os cães eu não sei, mas as crianças levam cada bofetada dos pais por qualquer coisinha que é compreensível seu silêncio e sua repressão.

O silêncio francês é tal que não se ouve o que as pessoas cochicham ao nosso lado, dentro de metrôs e ônibus. Esses meios de transporte, aliás, são movidos à eletricidade e, por isso, também são muito silenciosos. Depois que se acostuma a esse silêncio todo, o barulho de motores, a conversa alta, a poluição e as buzinas nas cidades brasileiras parecem ensurdecedoras.

Quanto às roupas, é bom saber que cachecol, luvas e sobretudo (aquele casacão que vai até os pés), na França, não são roupas chiques, mas itens presentes e necessários na vida de todos. Quando o clima está a dez graus negativos ou menos, isso tudo parece muito normal.

O que mais impressiona, entretanto, é ver como os franceses se dedicam à cultura. A experiência de ir ao cinema mostra um pouco isso. Antes do filme começar, (pasme!) é comum ver pessoas lendo. Lendo! Imagine não uma ou duas pessoas, mas dezenas lendo na platéia antes de as luzes se apagarem. O silêncio antes, durante e após o filme chega a ser desconcertante para quem tenta chupar uma bala. Pipoca e comida em cinema francês, então, nem pensar. E se uma conversa atrapalhar quem está do lado, o sujeito pode ser convocado a se retirar da sala de exibição. Tudo isso pode parecer exagero, mas chega a dar saudades quando a gente volta para uma sala brasileira de exibição em que a platéia, em vez de ler, resolve fazer piquenique. Não há nada mais irritante no cinema do que a crocância da pipoca alheia.

O tradicional piquenique aliás é algo muito comum na França. Não há nada de brega ou ultrapassado em chamar os amigos para comer uma pizza na beira de la Seine ou do Rhône. Infelizmente, pensar em chamar os amigos um dia para comer pizza às margens do Rio Arrudas ou do Tietê é sonhar muito.

Se você sair de casa e ficar o dia inteiro fora, leve sua merendeira ou o seu sanduíche na mochila. Você pode precisar comer enquanto espera na fila a sua vez de entrar no cinema e uma das coisas mais bregas que existe na França é ter que comprar comida em lanchonete. Isso é sério: leve seu lanche para onde você for e não tenha vergonha de sacar sua maçã, banana ou sanduíche de alface e atum no metrô ou nas praças públicas.

Você já foi à ópera? Então vá. Não se preocupe com a roupa. Não há calça jeans rasgada ou all star arrebentado que um sobretudo não camufle. E para quê se emperiquitar para ir à ópera? Céus, você está indo à ópera como qualquer trabalhador, dona de casa ou estudante francês, não ao casamento da rainha da Inglaterra nem à Sapucaí! Deixe de lado esse salto agulha, minha filha. Isso já está démodé. Ponha sua bota de salto baixo, o saião que sua avó te emprestou quando você se formou e o casaquinho de lã que você vestiu mês passado. Faça umas marias-chiquinhas e não se esqueça do foulard ou de um cachecol amarrado à francesa (por favor, não enrole isso no pescoço como se fosse uma sucuri). Mais do que país da moda, a França é o país da praticidade.

Por fim, prá quê tanto mudar de roupa, criatura? Você pode perfeitamente passar um ano inteiro revezando oito peças que ninguém repara. E não é por falta de atenção que não reparam, mas porque não estão nem aí para o que você veste, caso você não esteja desfilando numa passarela. Essa mania americana (refiro-me ao continente inteiro) que temos de tentar evitar a repetição da roupa do dia anterior é totalmente descabida. Tem a ver com nosso consumismo desenfreado. Saiba que isso também é visto como brega ou, no melhor das hipóteses, uma mania excêntrica.

Alguém poderia dizer que tudo isso são questões culturais. Claro que são. Como diria um velho sábio chinês, tudo é cultural e essa constatação não diz nada. O importante é que o viajante não saia apenas de seu lugar de origem fisicamente, mas que também consiga se distanciar de sua cultura local e observar a do outro. Não para cristalizar conceitos e estereótipos, mas para questioná-los. A gente vê que tudo tem um fundamento e uma razão de ser. Por mais que os hábitos locais de outros povos nos pareçam bizarros, conhecer e respeitá-los é um exercício excelente de tolerância e de questionamento de si mesmo. A gente volta com a certeza de que tudo, mas tudo mesmo, é relativo: desde o uso das coisas até o conceito que cada um faz delas.

Pilar FazitoBelo Horizonte, 14/4/2008

Istambul

Coloquei fotos novas no flickr.
Na verdade ainda não porque vai levar um pouquinho de tempo e eu quero dar uma saidinha que, pasmem! esta um lindo dia de sol e calor em Paris. Quando voltar eu publico.
Também queria escrever um pouquinho sobre as minhas impressões de Istambul, mas não têm jeito, impressões de viagem é um troço muito intimo, e uma pessoa para ler nossas impressões precisa ser mesmo muito intimo e nos conhecer muito bem para saber o que esperamos cada vez que colocamos a mochila nas costas. Sim, do alto dos meus trinta e tantos anos ainda viajo so com uma mochila, ate porque não preciso de muita coisa. E quem realmente precisa, não é?
Eu moro numa cidade extremamente turistica, a cidade mais visitada no mundo e leio tantas aberrações sobre Paris de pessoas que vieram para ca, passaram cinco dias e tchau. Não quero repetir a mesma coisa, so digo que, sim, Istambul é linda, as pessoas foram gentilissimas comigo, que eu adoro acordar com o chamado do muezzin e que comi feito uma cadela esfomeada.
Pronto tudo esta dito, e so um consejo de conejo como diz a minha irmã: usem os seus guias so para se localizarem na cidade, para todo o resto o meu guia foi inutil, tanto la guide du routard quanto o lonely planet.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

E uma impressão so minha ou essa nova geração, essa meninada de vinte e poucos anos esta muito conservadora? Assuntos relativos a direitos femininos, maternidade, sexualidade, educação se parecem muito ao que pensava umas duas gerações antes da minha.


Vejo meninas de vinte anos que se comportam com seu companheiro ou namorado ou marido de uma forma submissa a qual outras mulheres levaram anos e muita discriminação para poder se liberar.


As gerações obedecem a qual padrão de desenvolvimento, direito e liberdade? E a sociedade massificadora de consumo que impõe valores muito superficiais?



Folheando as revistas que essa meninada lê, publicações que eu sinceramente acho aberrantes pois são cheias de preconceitos e de normalização do sexo feminino, vejo muitos comentarios de leitoras fazendo referência ao fato que a "liberação" da mulher tirou dela a "beleza da feminilidade", que existem muito mais casais que se separam e que a culpa é da mulher que trabalha fora o dia inteiro e não tem tempo para o marido e por ai vai a lista de absurdidades.
Outro tema recorrente também é uma certa nostalgia irreal, saudades do tempo que a mulher ficava so em casa, cuidando de tudo, fazendo so bolos e cuidando da educação dos filhos ( nessa hora ninguém fala em tanque de lavar roupa em fralda suja de merda e em camisa de homem para lavar cheirando perfume da amante ) ao invés de ter que sair todo o dia para trabalhar fora que é um troço tão cansativo.

Ontem escutei de um homem de seus cinquenta e tantos anos um elogio a uma menina de vinte e três, elogiu que ela agradeceu feliz e satisfeita. Você é uma boa mulher de interior (leia-se interior da casa), apesar de trabalhar fora sabe cozinhar, limpar e cuidar do seu marido e ainda bem que não fica perdendo tempo igual essas feministas ai que so porque trabalham fora acham que podem mandar no homem.


Como é que um ser humano pode se sentir lisonjeado depois de ouvir tremendo disparate?

Istanbul, Praga e Nico Fidenco

Passei dois dias em Praga e seis em Istanbul. Vou escrever um post longo longo contando todas as minhas impressões. Pela primeira vez consegui anotar o dia a dia de uma viagem em um caderninho todo arrumadinho. Estou organizando as fotos, e hoje quem sabe postarei umas também. Por enquanto deixo so essa musica, sonhei com ela a noite toda, tão bom acordar com uma musica tão doce na cabeça e no coração.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como
sou - eu não aceito.
Não agüento ser apenas um
sujeito que abre
portas, que puxa válvulas,
que olha o relógio, que
compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora,
que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas.

Manoel de Barros

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Ha muito tempo, estavamos meu pai, meu tio, minha vo e eu assistindo o Chacrinha. Entra a Perla, meu tio fica sem voz, nem pisca para não perder u
m segundo da hermosa paraguaya, e quando ela sai, ele, depois de um suspiro mais que profundo diz:
- Eu morria enforcado nos cabelos da Perla se ela quisesse!
Dali a pouco é a vez da Alcione, e o mutismo total se repete so que desta vez era meu pai, quando termina a canção minha vo olha para ele e diz:
- Você também quer morrer enforcado nos cabelos dessa dai?
E a resposta foi imediata:
- Não dona Cecilia, os cabelos dela são curtos demais!
E eu lembro disso cada vez que vejo a Alcione.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Me engana que eu gosto

Ainda que a imigração na França acompanha a sua historia foi so a partir de 1945 que o pais começou a ter uma politica imigratoria propriamente dita. Foi em 2 de novembro deste mesmo ano que a publicação de uma ordem publica atesta a primeira verdadeira intervenção do estado no assunto.
Depois disso uma série de leis e decretos para legislar o fluxo de extrangeiros foi posto em pratica com mais ou menos sucesso e nem sempre com humanidade, basta pensar nos verdadeiros guetos onde colocaram as familias de argelinos que colaboraram com os franceses durante a guerra da Argelia e que se tornaram parias dos dois lados do mediterrâneo.
Hoje em dia, ainda que a realidade teime em puxar o tapete do otimismo reinante ja existem leis que amparam neste pais aqueles filhos de imigrantes que não são de lugar nenhum. Os franceses, politicamente corretos como todo branco com complexo de culpa, gostam de ver um arabe ou um negro na televisão e no cinema, claro, sempre em papéis extremamente caricaturados.
Mas sabem o que me deixa com a pulga atras da orelha mesmo? O telejornal. Porque temos apresentadores negros neste pais. Isso não é maravilhoso? Não é um bom exemplo da inserção social das minorias?
Então ta. Agora por favor, me explique porque essas moças tem sempre um kilo de massa corrida clara, clarissima no rosto e lisos e longos cabelos de plastico?

terça-feira, 2 de junho de 2009

so porque eu falei que ele estava morrendo de inanição...

Estava aqui pensando no acordo ortografico. Eu não sei direito o que mudou, não sei quais acentos cairam, não sei se a escrita de algumas palavras mudou. Nao li nada que pudesse me informar pelo simples fato que eu gosto de acentos e se não utiliso aqui os acentos que deveria é so porque o meu teclado é francês e eu acentuo o que ele me permite.
Decidi não aderir à nova mudança so porque eu gosto de palavras acentuadas, acho que elas ficam mais bonitas e como eu vou diferenciar cocô e côco se não tiverem acento? Eu sei, eu sei, ai entra o contexto, mas e aqueles textos dubios? Sei não, para mim os acentos continuam no lugar deles, fica mais facil e menos confuso.
Este blog esta morrendo de inanição e eu não faço nada para salva-lo.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Nem so de lixo vive a televisão francesa

Tem um canal de televisão por aqui chamado Arte. E um canal franco-alemão, um canal de documentarios dos mais variados argumentos, uns filmes cabeça e outros "très kistch" mas tudo é sempre muito interessante, uma pena que sempre que passam documentarios sobre o Brasil é a triade maldita: violência, menino de rua, prostituição.
Em outro canal chamado France 4 esta passando agora um documentario mensal sobre os grupos de contestadores da ordem estabelecida neste mundo grande e complicado. O programa se chama Global Resistance e é muito interessante e muito instrutivo, para mim so tem um bemol: da a impressão que so na Europa e Estados Unidos existem grupos contra correntes e que apregoam a desobediência civil, e ai eu fico aqui discutindo comigo mesma: Sera que vender propaganda positiva do terceiro mundo não da dinheiro?
De qualquer forma o canal Arte vale ser assistido e o Global Resistance idem.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Miss.tic


Tem uma mulher de negro que mora nos muros de Paris. Uma mulher misteriosa, que olha nos olhos dos passantes, que seduz , que hipnotiza, que brinca com as palavras e constroi e descontroi frases, transformando afirmações em sonhos.
Uma mulher que vicia e provoca dependências, como as paixões mais desaforadas.
Eu adoro esta mulher, ando pela cidade procurando-a em cada muro, em cada parede, cheia de esperança pois cada encontro é forte como uma tempestade.
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domingo, 17 de maio de 2009

Impressionante como a facilidade nos é extrangeira quando nunca recebemos nada de mão beijada.
Me explico: nao me lembro de ter conseguido o que quer que seja sem o dobro de esforço que as pessoas normais. Nao sei se é alguma maldiçao proferida por um deus mal humorado ou se simplesmente é pelo fato que eu nao largo o osso mesmo quando a causa ja esta quase perdida. Mesmo sem ver a luz no fim do tunel, mesmo depois que as pilhas da lanterna ja disseram adeus, eu dou um jeito de tirar uma velinha do bolso para continuar o caminho. As pausas na beira da estrada, curtas ou longas sejam elas, so servem para continuar adiante.
Entao ontem quando disse que precisava de 8 dias de repouso no mês de junho pois quero fazer uma viagenzinha, e quem escolhe datas para mim é o preço da passagem, e a pessoa responsavel pelo nosso plano de trabalho me disse tudo bem, sem problemas, sem pestanejar, eu me senti mal.
Como tudo bem? Você nao vai dizer que em pleno verao vocês nao podem dar férias? Que fazem so cinco meses que eu comecei a trabalhar aqui? Entao eu nao vou poder apresentar a maravilha de plano de trabalho que eu ja preparei para o mês? Nao vou poder argumentar que ja tenho 9 dias de repouso para recuperar? Nao vamos discutir?
Assim eu nao quero, assim é facil, menos cansativo, sem duvida, mas eu nao gosto de nada facil!

domingo, 10 de maio de 2009

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Quando no ambiente de trabalho um chefe tem preferências, por exemplo prefere trabalhar com brancos que com negros, ou com europeus do que com latino americanos é discriminaçao não é? Então porque no dia a dia também não vemos o mesmo preconceito com os postos de trabalho sexistas? E bom ter uma mulher na equipe da limpeza porque elas são mais cuidadosas, mas nos postos de mando um homem impõe mas respeito. Nada mais falso, e mais discriminatorio.
Lendo o relato de uma argentina que depois de passar alguns anos na Europa estava desesperada com o machismo latino americano lembrei a ela de uma chefa que tinha no trabalho aqui na França mesmo e que gritava aos quatro ventos detestar trabalhar com mulheres porque não são tranquilas (obedientes?) como os homens, ou porque chegam atrazadas ou porque ficam doentes mais facilmente. Isso não é discriminação machista? Ou ter sempre uma mulher na equipe de limpeza pois "mulheres são mais caprichosas" e claro, estão acostumadas a limpar o chão por onde passa o homem. Mas essa discriminação diaria, esse sexismo absurdo esta ja tao arraigado no nosso pensamento comum que ja nem nos damos conta.
No mercado de trabalho, no século XXI e na Europa, ou pelo menos nos dois paises onde morei, França e Italia, a mulher ainda ocupa um posto secundario ao homem, mesmo, sendo melhor formada, mesmo tendo ja uma maior experiência e podendo conciliar com uma facilidade impressionante varias funções ao mesmo tempo, porque ja fazemos isso na vida diaria o sexo feminino mesmo que ja tenha se emancipado na vida social, no mercado de trabalho ainda falta muito para a igualdade, e nem nos damos conta, de tão acostumadas que estamos ao homem que manda.
Que manda la as mulheres dele, porque digo ja, em mim ninguém manda.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Segundona!

Queria começar a semana falando de um filme tão bonito que assisti e que parece que pelo fato de ter ganhado um montão de Oscars esta na lista negra dos intelectuais e bem pensantes franceses. Que bobos! Slumdog é lindo, fala de violência, de miséria, de discriminação no seu sentido mais doloroso mas acima de tudo fala de esperança e de uma incrivel coragem, persistencia e confiança na vida.

Queria também falar sobre Germaine Tillon, esta fantastica antropologa francesa, que sem nunca se importar com carreirismos ou "fazer um nome" que deixou o ego numa caixa de sapato encima do guarda-roupa e provavelmente algum desavisado acabou jogando no lixo e por isso, mas não apenas por isso, foi uma profissional fantastica, uma resistente contra o absurdo de duas guerras, uma contra o nazismo e outra contra os argelinos, foi uma idealista que com um grupo de outros loucos idealistas, deu vida ao Museu do Homem que foi o primeiro centro de pesquisa cientifica e de amostra da antropologia no mundo. Um museu criado por homens e mulheres que acreditavam na igualdade da humanidade.

Queria também falar da experiência deliciosa que tenho sempre aqui na França, e tive na Italia também, com as mulheres Rom, que a despeito de não serem consideradas pela sociedade como seres humanos a parte inteira continuam a possuir essa força de carater que muitas pessoas respeitaveis nem com 20 anos de analise e dois empréstimos no banco para pagar o analista não conseguem.

Deveria fazer um post inteiro para falar sobre a violência moral e psicologica que vejo contra mulheres todos os dias, e como estas mulheres não reagem e pior, como relativizam essa violência banalizando os fatos.

Queria também falar do video curtinho que vi la no blog do Albino Incoerente que é a propaganda do nono festival de cinema independente de Buenos Aires e que esta delicioso, inteligente, doce, humano.

Não poderia esquecer também de tanta gente inteligente e talentosa que encontro cada dia na net, e que me fazer ficar viciada em alguns blogs, pessoas que pensam de forma diferente mas que todas tem em comum o fato de defenderem de forma brilhante o proprio ideal de um mundo mais decente.

Mas hoje é segunda - feira e vamos começar a semana com um pouco de leveza. Deixo a vocês com um dos homens mais interessantes que a musica latino americana ja conheceu.


sábado, 18 de abril de 2009

RIta Lee


Roubado no delicioso blog vegano Brazil Nut, endereço ai do lado.

sexta-feira, 17 de abril de 2009




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Conversas

Para não dizer que depois do museu não sobraram conversas surreais para citar neste blog copio aqui a conversa simpatica entre duas colegas de trabalho. Jovens, "modernas", exemplos de mulheres bem inseridas em sua época. Segue a conversa:

colega 1 - Nem tive tempo de comer, lembra da minha amiga que te apresentei semana passada? Pois é, a coitada esta desesperada descobriu que o namorado dela com quem vivia junto ha 2 anos arrumou outra e a amante esta gravida de sete meses!
colega 2 - Coitada! E ela queria tanto ter um filho!
colega 1 - Mas te conto que ela não pode ter filhos e é por isso que ele arrumou outra!

E ai a conversa começa a ficar interessante:

colega 2 - Então a gente nem pode ficar com raiva do namorado, ele tem razão se ela não pode ter filhos é normal que ele arrume outra!
colega 1 - Exatamente eu disse isso a ela também, e coitada, ela nem é bonita, se pelo menos fosse bonita! Eu disse a ela para fazer de conta que era so uma crise e deixar para la, o importante é ela ficar com ele.
colega 2 - E sem duvida a melhor coisa a fazer.
colega 1 - Infelizmente ele pegou as coisas dele e ja partiu para a casa da outra.
colega 2 - Coitada, sem chance!
colega 1 - Pois é.

E como dizia meu amigo J.C. não tem raça mais sofredora neste mundo que comunista e feminista porque não tem serviço mais complicado que tentar fazer pobre e mulher entender que eles tem direitos.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Descobertas



Esta musica deliciosa descobri no blog Nem Putas Nem Submissas. O link esta ai do lado. Blog interessantissimo para as pessoas que se interessam pela condição feminina.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Oculos chiques

Hoje vi uma mulher muito distinta, de meia idade e bem vestida, usava um grande oculos de sol e na lente desenhada, na lente inteira, o simbolo de Louis Vuitton. Morri de vontade de perguntar a ela como se vê o mundo quando Louis Vuitton filtra o seu olhar.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Y los sueños, sueños son...

Soñé que el cervo ileso pedia perdon al cazador frustrado.
Nemer Ibn El Barud

En los procesos de sus sueños, el hombre se exercita para la vida venidera.
Nietzche

Chuang Tzu soño que era una mariposa y no sabia al despertar si era un hombre que habia soñado ser una mariposa o una mariposa que ahora soñaba ser un hombre.
Herbert Allen Gilles, Chuang Tzu

Jorge Luis Borges, Libro de sueños

A primavera chegou

 
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segunda-feira, 30 de março de 2009

domingo, 29 de março de 2009

A semana


  • O que me espanta não são as animalidades pronunciadas pelo clero e pelo papa, o que me espanta é a manifestação de apoio de emigrados africanos em Roma a tais animalidades;

  • Não me espanta também que os espanhois saiam as ruas para manifestar contra a legalização do aborto com o estimulo e a organização da igreja catolica, o que me deixa boquiaberta é saber que para esta publicidade anti liberação a igreja gastou 250.000 euros ao invés de investir essa soma em problemas sociais e esses cordeiros conservadores e ignorantes ainda saem a ruas para manifestar;

  • Que entre os hindus e muçulmanos a coisa pega-fogo, não é novidade, mas o neto da Indira Ghandi, pronunciando num comicio que o seu partido, se ganhar as eleições cortara a cabeça dos muçulmanos, é para completar a lista de absurdos da semana.

  • E para terminar o genocida, Ahmad al Bashir, presidente do Sudão, recebendo o apoio da liga arabe.

  • O mundo esta perdido, como diz a minha avo.

terça-feira, 24 de março de 2009

Numas das vezes que vivi em Roma, conheci a cliente de uma amiga. Era uma mulher muito bonita, cuidada como se deve, com tudo o que o dinheiro pode comprar.
Ela tinha vindo da Croacia com treze anos, a velha historia de trafico de mulheres, mas este com final menos dramatico: ela conseguiu se emancipar economicamente e proteger sua familia, nunca entramos em detalhes sobre como tudo aconteceu mas era uma mulher de muita coragem para os seus vinte e poucos anos.
Ela morava num apartamento num dos bairros mais caros de Roma, e dirigia um carro desses grandes, que eu no sei o nome, uma bmw qualquer coisa.
Mas o que me lembro dela, na verdade, era da tristeza daquele espaço tão cheio de luxo: varios porta-retratos ornavam a sala de estar, todos estavam vazios. Terrivelmente vazios. Nenhuma foto de familia, ou mesmo dela, nenhum unico objeto que nos desse a sensação de aconchego que é o que sempre esperamos de uma casa. Tudo impessoal. Me perguntei muitas vezes se o fato de não guardar lembranças da familia, ainda que a visitasse pelo menos uma vez por ano, fosse para continuar se protegendo dos abusos e dos absurdos que ela provavelmente passou nos primeiros anos na Italia.
Hoje me lembrei dela, me lembrei de como antes mesmo de chegar aos trinta anos ela nunca era capaz de confiar em ninguém. Nenhum relação de amor ou amizade parecia ter realmente importancia na sua vida. Nada. O dinheiro e tudo o que ele pode comprar eram as unicas referências de sua vida.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Blog novo

Otima dica do blog Antropocoiso: O blog do Albino Incoerente!
endereço ai do lado na listinha de blogs.

domingo, 22 de março de 2009

terça-feira, 17 de março de 2009

ROM

Depois de alguns dias as mulheres de etnia rom que pedem esmola nos pontos turisticos de Paris estão sofrendo um novo tipo de violência.
Não direi que é mais grave que o fato de viver de forma precaria, de nunca ter sido alfabetizadas, de serem casadas pelos pais quando são ainda pré-adolescentes, de ter filhos antes de chegar naquela idade que nos mulheres com um pouco mais de sorte estamos começando a pensar no que sera o futuro e qual sera a universidade ou o emprego que desejamos.
Poderia também utilisar este post para falar da violência que estas mesmas mulheres sofrem da parte de policiais( e muitos desses senhores vestidos de farda são na verdade senhoras, sem nenhum respeito ou humanidade pela condição de uma criança que teve que crescer rapido pois aos 16 anos têm um filho na barriga e outros dois que esperam em casa) que não contentes em humilha-las e ofênde-las ainda tem a indecência de as deixar sem um tostão no bolso depois de terem passado um dia inteiro sofrendo a humilhação de pedir a desconhecidos uns centavos para terminar o dia de barriga cheia.
Mas agora o problema é novo, e é urgente, porque a integridade fisica destas mulheres esta sendo colocada em perigo por grupos de adolescentes, de filhos de emigrados, que sofreram ja o seu quinhão de discriminação. Elas estão sendo agredidas e ameaçadas de morte, meninos e meninas saidos da periferia que não querem estes "extrangeiros" pedindo esmolas no centro de Paris.
Estamos entrando em contato com associações e organismos que possam ajudar estas mulheres (a policia ja lavou as mãos, igualzinho fez pilatos), que elas possam voltar a caminhar sem medo de ser agredidas. Domingo foi uma menina de 17 anos e gravida que esta com um olho roxo e com um medo que da pra sentir quando se respira.
Semanas atras um canal francês passou um documentario absurdo, sobre ciganos que ganham 12.000 euros por mês pedindo esmolas no centro de Paris, e seria esta a soma que eles teriam que pagar por mês aos patrões da comunidade cigana.
A mafia e a criminalidade entre os roms existe, não é novidade mas nem todas as meninas que pedem esmolas na rua estão organizadas dessa forma e por favor, tenham a decência de diminuir esta cifra, isto signica que teriam que ganhar na pior das hipoteses 400 euros por dia, e isso se vierem para a rua 30 dias por mês.
Eu sei quanto ganham as meninas que "trabalham" sob a torre Eiffel, e podem acreditar, não chega nem de longe à soma que dito documentario colocou no ar, aumentando a raiva destes filhos de emigrados, que não tem muita perspectiva de futuro e que precisam descarregar encima do mais fraco a sua frustração e a sua miséria. Não que eu ache que a televisão seja a culpada dessas violências, o culpado é quem sai as ruas para espancar mulheres, mas que esse tipo de emissão funciona como um veneno social, isto tenho certeza. Eu digo sempre aos meninos de periferia com quem falo, os ciganos de hoje, são os arabes de ontem e os negros de antes de ontem, a escala do preconceito acompanhado de violência fisica e moral cresce de cima para baixo, e cresce com força e velocidade.