quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

2009

Hoje ja é quase amanhã, onze da noite e nem sombra de um soninho pra eu ir pra cama num horario cristão, então aproveito para fazer minha listinha de promessas para 2009. Claro que não as cumprirei todas, talvez uma ou duas se tiver sorte e muita obstinação.
Mas preciso sem duvida nenhuma ser mais seletiva, preciso organizar meu sono, preciso comer mais verde e menos açucar, quem sabe até fazer um exercicio basico?
Quanto aos votos para 2009, eu me rendo à minha amiga Cris, que cada um tenha o ano que mereça! Eu terei outro ano lindo, porque sei que mereço!
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Hoje é dia de foto

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domingo, 28 de dezembro de 2008

Non ci sono assoluti: non c'è un bene o un male assoluto; non c'è un modo di vivere immutabile. Non c'è una verità assoluta. Tutte le verità sono mediate e moderate dalla vita. L'essere vivi condiziona ogni cosa.

Ben Okri, La tigre nella bocca del diamante

Não existem absolutos: não ha um bem ou um mal absoluto; não ha um modo de viver imutavel. Não ha uma verdade absoluta. Todas as verdades são mediadas e moderadas pela vida. O ser vivos condiciona todas as coisas.

Tradução literal minha.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Noël, Natal, Navidad, Natale

Detesto shopping, detesto gente que "precisa comprar", detesto gente futil e consumista, detesto pessoas que me ligam para me perguntarem o preço de perfumes e roupas em Paris, sim porque para um tupininquim ignorante o maximo do chic é usar "importado". Detesto natal no Brasil, detesto sair na rua em qualquer lugar onde seja natal.
So gosto de natal assim como o meu: tranquila em casa, tomando um cha de canela, comendo um biscoito e olhando o frio da janela.
Então eu não desejo feliz natal para ninguém porque acho que temos que ser felizes sempre, sem data marcada, e mesmo quando a tristeza invade todos os poros, conseguir realizar o quase impossivel: tirar dela a melhor lição para depois viver melhor.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Hoje, ultimo sabado antes do natal e penultimo sabado deste ano tão bom que foi 2008, decidi compartir com os doze leitores desse blog um pouco de minha interessantissima pessoa, vai ser numerado, não sei a que numero chegarei, tem tantas coisas interessantes nesse 1.71 de simpatia beleza e inteligência!
Vamos la:
  1. Nasci no dia seis de janeiro de 1971, dia de reis. De acordo com meus pais, tios e avo, eu era um bebê gordo, saudavel e comilão.
  2. Continuo exatamente assim, so que menos bebê.
  3. Nasci no Parana, numa cidade chamada Maringa, mas eu sou sul matogrossense pois foi la que vivi minha vida inteira antes de virar cigana internacional, enquanto viviamos em familia a ciganaiada so mudava de cidade mas estavamos sempre no mesmo estado.
  4. Morei a maior parte do tempo numa cidade chamada Ponta Porã na fronteira com uma cidade paraguaia chamada Pedro Juan Caballero, adoro este lugar, adoro esta fronteira, ainda que não sei se nesse ponto da minha vida eu voltaria a morar la, mas adoro o ar que se respira nesta terra que é metade Brasil e metade Paraguai.
  5. Falo Espanhol como um nativo de lingua espanhola, aprendi estudando sozinha, e morando na Bolivia e claro, com os meninos que diziam Preciosa!
  6. Depois do segundo grau fui morar sozinha na Bolivia, morei quase dois anos em La Paz onde comecei a estudar biologia e depois antropologia, fiz amigos queridos, que são e sempre serão a continuação de minha grande familia neste mundo a fora, viajei bastante dentro da Bolivia, ainda que era pobre feito jo, eu aproveitei cada segundo que morei por la, mas confesso que passei uns bons anos depois que voltei ao Brasil sem suportar a vista de um prato de sopa.
  7. Na Bolivia trabalhei como professora de português e trabalhei num zoologico. Entre outras coisas tinha por função limpar a casa das cobras não venenosas e separar os ratinhos que iriam ser comidos pelos predadores que so comiam bicho vivo. Adorava tudo o que fazia no zoo, nada me cansava.
  8. Morei em Brasilia.
  9. Morei na Italia, um pouco em Roma, outro pouco em Milão e na Calabria.
  10. Atualmente moro na França, gosto muito, ainda que o clima seja horroroso, mas não da para ter o Museu Rodin e um sol esplendoroso na mesma cidade.
  11. Na minha vida tive os seguintes empregos: balconista, estagiaria em banco, digitadora, tradutora, garçonete, baba, mediadora cultural, tarologa ( não eu não sei ler tarô, mas era por telefone), professora de português, italiano e espanhol, ajudante de cozinha, barmaid, recepcionista, caixa, assistente, e deve ter mais uns que eu esqueci.
  12. Moro na periferia de Paris, trabalho no bar de um teatro e estudo em uma universidade publica, tento fazer um mestrado.

Acho que por hoje é so, continuarei outro dia se tiver paciência e contarei as delicias da minha maravilhosa personalidade bla bla bla bla .........

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Frio demais para ter assunto. Amanhã trabalho, agora sou responsavel de buteco, trabalhinho mais ou menos, mas muito melhor que o outro.

Hoje acordei as seis, detesto acordar cedo, acho um abuso começar o meu dia antes que o sol comece o dele.

Na quarta tenho aula, e tenho um professor que acredita que eu sou muito inteligente e muito coerente. Coitado! Mas eu gosto, é a primeira vez que um professor gosta de mim. E olha que tenho trinta e sete anos.

Devo estar carente com esse frio nojento. Não tem como ser feliz com o nariz que doi quando a gente respira.

Tento porque tento encontrar um troço interessante para falar por aqui e vejo como sou uma pessoa monotona. Preciso urgente de vida social.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

respeito

do Lat. respectus. m.,
acto ou efeito de respeitar;
reverência;
deferência;
consideração;
apreço;
importância;
submissão;
ponto de vista;
aspecto;
causa;
relação;
temor;
(no pl. ) cumprimentos.
loc. prep.,
a - de: relativamente a; o m. q. com respeito a;
com - a:vd. a respeito de;
dizer - a: referir-se a;
por - a: em atenção a.


Como é que consideração e apreço podem estar ai, ao lado desta palavra horrorosa que é submissão? Eu não acho que o respeito nos submete, acho que o respeito nos engrandece e engrandece o outro aos nossos olhos. E vocês, o que acham?

domingo, 7 de dezembro de 2008

Minha casa é tão pequenininha que não cabe um gato e menos um cachorro. Decidi então comparti-la com uma aranha negra, de pernas compridas e barriga peluda, que bota ovos como quem come baguette com manteiga, toda hora, em todo lugar, pelo menos é nisso o que a desaforenta quer me fazer acreditar.
Repartimos de forma muito justa o nosso misero espaço, ela fica com os cantos, com os vãos atras dos moveis, com o viés que faz o teto e a parede e eu fico com o resto. Eu tiro o po, limpo o chão e ela come os mosquitos e outros voadores infelizes que tentam penetrar no nosso ninho.
Mas eu começo a ficar preocupada, eu sou uma, ela esta virando centenas, serei desalojada?

Domingo

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sábado, 6 de dezembro de 2008

I
'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.

'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...

'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...

'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...

Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.

Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!

Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!

Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!

Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...

..........................................................

Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!

Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.

II

Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após.

Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!

O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado
— Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!

Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu ...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu! ...

III

Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras!
... Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!

IV

Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...

Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...

V

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!

Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...

São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .

São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.

Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
... Adeus, amores... adeus!...

Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.

Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...

Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. . .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...

VI

Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!

Castro Alves, Navio Negreiro

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Lagartinagens

intelectual
do Lat. intellectualea

dj. 2 gén.,
relativo ao intelecto, ao entendimento;
mental;

s. 2 gén.,
pessoa dada ao estudo;
pessoa de grande cultura.

Mas pessoas dadas ao estudo e de grande cultura não precisa ficar discutindo o ciclo menstrual da lagartixa africana em contraposição ao ciclo menstrual da lagartixa doméstica e as diferenças devidas ao convivio com seres humanos da segunda espécie, não é? Podem também, essas mesmas pessoas, conversar de forma ligeira, contar uma piada, uma sacanagenzinha basica, não é? Porque vou te contar, tem gente que vai para a noite para discutir a ultima publicação da Escola dos altos estudos ou para comunicar ao auditorio pouco interessado, principalmente na esbornia, o caminho que esta tomando a sua tese de doutorado. Não pode gente, não pode. Um pouco de leveza, que a semana de trabalho e escola exige. E eu também. Fecha a boca e vai dançar o reggaeton que o Don Omar agradece.

sábado, 29 de novembro de 2008

Foto do fim de semana: Meu apartamento

Se clicar na foto da para ver tudo maior, e é claro so fotografei o que estava arrumado que besta eu não sou não.
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domingo, 23 de novembro de 2008

Poesia do domingo ( que é dia de missa)

Pater Noster

Notre Père qui êtes au cieux
Restez-y
Et nous nous resterons sur la terre
Qui est quelquefois si jolie
Avec ses mystères de New York
Et puis ses mystères de Paris
Qui valent bien celui de la Trinité
Avec son petit canal de l'Ourcq
Sa grande muraille de Chine
Sa rivière de Morlaix
Ses bêtises de Cambrai
Avec son océan Pacifique
Et ses deux bassins aux Tuileries
Avec ses bons enfants et ses mauvais sujets
Avec toutes les merveilles du monde
Qui sont là
Simplement sur la terre
Offertes à tout le monde
Eparpillées
Emerveillées elles-mêmes d'être de telles merveilles
Et qui n'osent se l'avouer
Comme une jolie fille nue qui n'ose se montrer
Avec les épouvantables malheurs du monde
Qui sont légion
Avec leurs légionnaires
Avec leurs tortionnaires
Avec les maîtres de ce monde
Les maîtres avec leurs prêtres leurs traîtres et leurs reîtres
Avec les saisons
Avec les années
Avec les jolies filles et avec les vieux cons
Avec la paille de la misère pourrissant dans l'acier des canons.

Jacques Prévert

Eu procurei uma tradução na net mas nenhuma me satisfez. Se quiserem procurar, é so colocar o nome do autor com o titulo Pai Nosso.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Amr Khaled

Minha posição em relação ao hijab sempre foi muito clara, eu abomino qualquer forma de repressão feminina e acredito firmemente que o véu seja uma forma visivel e abominavel de opressão. E acredito também que as mulheres podem se infligir essa opressão graças a uma educação que coloca o sexo feminino como um perigo para o equilibrio social e moral da comunidade.
Que seja claro, meu problema não é com a religião mas com o não respeito da parte de alguns, muitos, homens de religião em relação à mulher.
No Egito, e em grande parte do mundo arabe, esta fazendo sucesso um predicador ou tele coranista, como preferirem, que aconselha de forma muito "moderna" como vivenciar o Islam. Aqui esta um trechinho de conselhos dados pelo senhor ai encima sobre como se deve comportar uma mulher para não colocar em perigo o equilibrio da sociedade.

En premier lieu, je vais parler de la pudeur de la femme, pour une raison toute simple : Si nos femmes, nos sœurs et nos filles étaient pudiques, toute la société s’en trouverait conservée.
Je n’ai nulle envie d’offenser la femme, bien au contraire, mais le fait est que dès que nos ennemis décident d’attaquer notre religion, ils commencent par la femme en lui retirant sa pudeur, parce qu’après, il leur est facile de corrompre les hommes.
Si l’homme doit être pudique, la femme doit l’être encore plus, car cette vertu est plus proche de sa nature, et la forme la plus naturelle de la pudeur chez la femme est de couvrir son corps, la pudeur de la femme c’est le Hijab.
Permettez que je vous pose une question : Si vous possédez quelque chose de précieux, allez-vous en prendre soin ? Si vous avez quelque pierre précieuse, allez-vous la garder loin des yeux, ou allez vous la laisser traîner partout ?
L’Islam considère la femme avec respect et il est tout naturel que Dieu veuille la garder et la préserver de tout ce qui pourrait la blesser ou lui nuire.
Ici, je pose une question assez courante, Pourquoi l’Islam a contraint la femme à porter le voile mais pas l’homme ? Est-ce que c’est une simple contrainte ?
Assurément pas. Remarquez que cent hommes ne peuvent pas séduire une femme alors qu’une seule femme peut aisément séduire cent hommes.
C’est pour cela que l’Islam ordonne à la femme de s’habiller selon des critères bien déterminés !


Tirado da pagina oficial de Amr Khaled, http://www.amrkhaled.net/articles/articles925.html
O grifo é meu.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

desenvolvimento
s. m.,
acto ou efeito de desenvolver;
crescimento;
propagação;
cultura intelectual, civilização, educação, progresso;
incremento;
prolongamento;
amplitude;
vastidão;
minuciosidade.

sustentável
adj. 2 gén.,
que se pode sustentar.

ecologia
do Gr. oîkos, casa + lógos, tratados. f.,
ramo da Biologia que estuda as relações das plantas, dos animais e do homem com o meio ou com o ambiente;
estudo de um grupo territorial natural, no conjunto das suas relações com o meio geográfico e das condições de vida social;
mesologia;
movimento que visa o estabelecimento de um melhor equilíbrio entre o homem e o meio ambiente, assim como a preservação deste último.
- humana: estudo da estrutura e desenvolvimento das comunidades e sociedades humanas, tendo em consideração os processos pelos quais as populações se adaptam aos seus ambientes.

Outono no parque de Vincennes

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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

quando eu tiver setenta anos
então vai acabar esta minha adolescência

vou largar da vida louca
e terminar minha livre docência

vou fazer o que meu pai quer
começar a vida com passo perfeito

vou fazer o que minha mãe deseja
aproveitar as oportunidades
de virar um pilar da sociedade
e terminar meu curso de direito

então ver tudo em sã consciência
quando acabar esta adolescência.

Paulo Leminski

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Quando comecei este blog, estava naqueles dez minutos de experiência transcendental zen que me pegam umas duas vezes por ano. Coloquei o titulo, A senhora das especiarias, porque queria tentar escrever textos com um minimo de coerência, sensibilidade, quem sabe até e ai a pretensão alcançou alturas nunca antes visto, poéticos.
Cada vez que penso nisso, morro de rir, eu que não sou escritora e nem aprendiz, que sou boa de papo e ruim de caneta, que não consigo e para falar a verdade nem me esforço muito, passar ao papel nada que não sejam uns berros do que me incomoda ou encanta.
E eu ai, colocando a Senhora das especiarias, tentando sazonar o que quer que seja, logo eu que tenho a mão pesada e não economizo os cheiros e os sabores, querendo virar gente equilibrada ou como diriam alguns, na norma. Era so o que faltava.
Este blog era para ser uma casinha so com palavras e sem imagens e videos? um espaço certinho, sem poeira e sem desarrumação? Mas tem coisa mais sem graça que visitar casa de gente que parece quarto de hospital?
Que nada, quem sou acabou me agarrando no meio do caminho, e não se iludam, quem somos nos agarra sempre, querendo ou não, e as vezes nos piores momentos.

Preto é politicamente incorreto?

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Morreu aos 76 anos, de um ataque cardiaco, a cantora sul-africana Miriam Makeba.
E o mundo ficou mais triste.
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sábado, 8 de novembro de 2008

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Giovane, Bello e Abbronzato

Giovane, bello e abbronzato, foi este o comentario publico do primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi sobre a vitoria de Barack Obama.
A imprensa italiana e francesa esta gritando racismo indignada.

Morei quase cinco anos na Italia, conheci suficientemente os italianos para saber que em geral a cor da pele e a nacionalidade são a primeira coisa que eles julgam no outro.

Os italianos, tão indignados com o pronunciamento do premier, deveriam antes de tudo fazer um exame de consciência: em geral, a mesma regra de respeito que usam em relação a uma pessoa desconhecida não se aplica a um extracomunitario (expressão famigerada) ou a um "abbronzato", e isso nas relações de todos os dias.

Em geral, a cor da pele é fator determinante nas relações de confiança que pude viver e presenciar na Italia. Quantos de vocês italianos ou não, que conhecem a Italia, viram um negro ou um "abbronzato" trabalhando numa caixa ou diretamente com o dinheiro? Quantos viram um negro servindo num restaurante italiano? Eu disse italiano e não cubano ou brasileiro.

Então porque o tratamento deveria ser diferente da parte de um primeiro ministro, claramente racista, mas que foi votado pela maioria dos italianos?

Um negro para um racista, é sempre um negro. Presidente ou não.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

BARACK OBAMA


E a esperança se fez homem
Foto tirada do Yahoo

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Voltarei por aqui quando realmente tiver alguma coisa interessante a escrever. Não é o caso agora.

Até mais então.

domingo, 2 de novembro de 2008

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Eu acreditava sinceramente que depois do reinado da familia Garotinho a população do Rio escolheria alguém que representasse o extremo oposto da politica corrupta e reacionaria dos bispos e outros bandidos.
Pois é, eu me enganei!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

temperança

do Lat. temperantias. f.,

qualidade ou virtude de quem é moderado ou de quem tem o poder de moderar
os apetites e as paixões;
parcimónia;
sobriedade.

Farei dela meu segundo nome

Sarkozy, Vichy e os Imigrantes

A noticia saiu ha algumas semanas nos jornais franceses, nos dias 3 e 4 de novembro proximo, a presidência francesa da União Européia reunira, por iniciativa de Brice Hortefeux, ministro francês da imigração e da identidade nacional (absurdo isso de identidade nacional não?) os 27 ministros europeus do Interior e da Justiça. Ele reunira esses senhores e senhoras em Vichy, capital francesa, durante a segunda guerra mundial, do regime pro-nazista e centro da deportação dos judeus aos campos de concentração.
E eu me pergunto, porque essa provocação? Porque instalar un sommet europeu sobre a imigração justamente na cidade reconhecida durante o governo Petain pelo racismo levado ao seu extremo? Qual é exatamente a mensagem que deseja passar o senhor presidente da republica e seus ministros?

domingo, 19 de outubro de 2008

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas
-Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada
-Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

Alvaro de Campos

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Eles e eu

Mas o que se respeita é o ser humano que se têm diante de si ou a hierarquia que este mesmo ser humano representa?
E a pergunta que me faço desde ontem quando tive a enésima discussão no trabalho por não respeitar corretamente o meu superior hierarquico.
Me lembrou um texto que estive lendo algumas semanas atras sobre os amish. Para uma vertente desse grupo, não existem senhores. So ha um senhor.
Todos os demais homens são iguais, não se usam tratamentos diferenciados pois ninguém ocupa neste mundo um espaço mais importante que o outro.
Na França pais onde a palavra "politesse" tem valor sagrado, os homens se diferenciam sim, e se diferenciam pela linguagem e pelo tratamento devido. E quase um sacrilégio se dirigir a um desconhecido sem usar a forma correta de linguagem: monsieur, madame, vous.
Nada de intimidade.
Todos aqueles que ocupam um posto de trabalho devem se dirigir a seus superiores e mesmo algumas vezes aos colegas, mesmo depois de dez anos de convivência diaria, pela formula correta: vous. Jamais um tu, jamais um real interesse pelo outro. Entre ele e eu existe um abismo intransponivel, que me permite viver sem conhecer a dor e a alegria de quem esta ao lado, porque a politesse nos separa, a boa educação não me deixa interessar-me pelo meu proximo.
E assim vamos vivendo, um de um lado e o outro la longe, sem passar essa ponte fragil que se chama intimidade que é requisito basico para se construir a amizade. O que é quase impossivel quando a linguagem não permite a igualdade no pais da igualdade.
Nos, brasileiros, somos um povo em ser, impedido de sê-lo.
Um povo mestiço na carne e no espirito, ja que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Nela fomos feitos e ainda continuamos nos fazendo. Essa massa de nativos viveu por séculos sem consciência de si... Assim foi até se definir como uma nova identidade étnico-nacional, a de brasileiros.

Darci Ribeiro
O povo brasileiro

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Vai ser coxo na vida, é maldição pra homem.
Mulher é desdobravel.
Eu sou.

Adélia Prado

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Crer em deus implica necessariamente crer no diabo? Pode-se acreditar numa força superior positiva sem portanto acreditar no seu contrario? Os crentes, principalmente no caso das religiões monoteistas, poderiam continuar a justificar a fé em deus se não tivessem essa visão maniqueista do mundo? E o mal, personificado pelo demônio, pelo anjo caido, por aquele que queria ser maior que deus, que não obedeceu as regras, personagem necessario para a existência dos dogmas e da tradição religiosa monoteista do medo? E sem ele, como seria?

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Prestem atenção

Atualizei o flickr

domingo, 28 de setembro de 2008

Decidi, depois de muito pensar, em pedir demissão ja na semana que vem. Foi a unica decisão possivel, trabalhar neste museu, estava me deixando doente, massacrando meus principios e meus valores. Não sei ao certo o que farei, sei que por duas semanas vou tentar por toda a bagunça em dia, inclusive uma tentativa capenga de mestrado.
Mas para não deixar aos meus cinco leitores completamente orfãos das abominaveis visitas guiadas do museu do quai branly, aqui vai a ultima, para fechar o meu sabado, depois de uma semana de trabalho:
- Começamos pela América do Sul?
- Não, primeiro veremos os objetos de arte pre colombiana da meso américa, vindos do Peru, Mexico, Bolivia e Guatemala e mais à frente verão os paises da América do Sul.

Sim porque caso vocês não saibam, arte pre colombiana é arte maya, asteca e inca, todo o resto que estava la na américa antes da chegada do Cristovão era... não sei direito, eu perguntei pra conferencista e ela me disse que os "arqueologos" não consideram o resto pré colombiano.
Eu corrigi a informação geografica mas ela me disse que assim é mais facil paras as crianças entenderem, então caros amigos peruanos e bolivianos, vocês nao estão onde pensam estar e não discutam que senão as criancinhas não entendem.
Adoro a forma como a maquina fotografica digital democratizou a fotografia. Todo mundo pode criar seu universo de imagens à parte e com a internet temos a possibilidade de compartir nosso dia a dia com um numero impressionante e antes, inimaginavel de pessoas. As distâncias desapareceram e o mundo ficou pequenininho e nem por isso menos interessante.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Artes primeiras são todos os objetos de uso geral mas com um grande valor estético produzidos por povos não ainda considerados civilizados. Ex: China, Persia, America Precolombiana entre outros.

Ouvido de uma conferencista no museu do quai branly. E agora da licença que a selvagem aqui vai se matar.

domingo, 21 de setembro de 2008

O que é que faz um ser humano de 37 anos de idade e com um certo nivel de educação acompanhado de um discurso hiper feminista gostar de reggaeton?

Eu tenho um certo problema para escrever. Ainda que oralmente tenha um vocabulario consideravel e consiga desenvolver uma conversa interessante, basta que a coisa passe para o papel, ou no caso para o computador, e eu esqueço. Assim, simplesmente, esqueço. Não encontro a palavra adequada, esqueço sinônimos, a construção perde completamente o sentido.
Essa é uma das coisas pelas quais eu quis um blog: praticar a escrita.

Não sei se isso acontece com outros imigrados, no processo de aprendizado de outra lingua ficar um pouco perdido e meio analfabeto, eu fico.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Manifestação no museu do quai branly

Ontem o museu do quai branly viveu sua primeira manifestação sindical. Tudo começou fazem ja alguns meses quando o unico representante sindical que tinhamos foi mandado embora pois queria (queria, porque não se conseguiu fazer) que fizessemos uma greve de 1 hora (sim, vocês leram corretamente UMA HORA. Ontem, por volta das três da tarde um grupo da CGT Cultura decidiu ocupar a recepção do museu com suas bandeiras vermelhas e seu grito de guerra, mas claro, sem nenhuma violência ou ofensa mais grave, a tal ponto que um dos muitos policiais que vieram para defender "as pessoas de bem" de uma duzia de manifestantes passou a tarde bocejando (fui testemunha).
Quatro coisas me ficaram desta manifestação:
1 - nenhum trabalhador do museu esteve manifestando, porque se manifesta perde o emprego!
2 - os agentes da segurança que são explorados e humilhados de forma revoltante estavam prontos, como bois mandados, ou deveria dizer cães de caça? a defender o empregador injusto e muito, muito desonesto,
3 - depois da manifestação terminada e da reintegração do trabalhador e representante sindical, tivemos ainda que escutar o discurso, demagogico e imoral do nosso patronato que entre muitos elogios ao nosso perfeito comportamento e gestão da situação, decidiu nos tratar de imbecis quando disse que ha muito estava tomada a decisão de readmitir o empregado em questão e que a manifestação foi inutil e provocatoria,
4 - alguns (poucos é verdade) de meus colegas de trabalho que estavam traumatizados pelo susto e pela violência. Susto? Violência? tenham do de mim!

Mas sabem o que era mais chocante? haviam so dois jornalistas presentes, uma francesa incomodada pois queria visitar o museu e não tinha vindo para assistir tamanha baderna e um italiano, que trabalha num jornaleco de direita, aliado a alianza nazionale(ex partido fascista, bando de ignorantes!) e que passou uns bons minutos discursando sobre os bem feitos do governo berlusconi no meu ouvido, que diga-se de passagem ja virou penico a muito tempo.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Oh, posso sorrir e inclinar a cabeça,
E beber suas palavras inflamadas com seus labios impacientes,
E pintar pra você minha boca com um batom perfumado,
E desenhar as linhas de sua fronte com a ponta de meus dedos iniciados.

Quando me repete a lista de seus amores,
Oh, posso rir e me maravilhar, com olhos contentes.
E você me retorna o riso sem adivinhar
As mil pequenas mortes em meu coração agonizante.
E acha, de tanto que conheço meu papel,
Que sou alegre como a manhã, leve como a neve,
E todas as coisas tensas que estão em meu coração,
Nunca as conhecera.
E assim que você me quer - admirativa, alegre e verdadeira,
Mas você não vê meus olhos grandes, abertos à noite.
E, quando, à procura de novidades se evadir,
Oh, posso beija-lo bravamente, quando for...
E o que se passa, meu amor, enquanto esta longe,
Não sabera jamais.

Dorothy Parker

domingo, 7 de setembro de 2008

As vezes esqueço. Mas é pura preguiça de lembrar. Lembrar cansa. As vezes doi.
O bom que ha em viver na mesma casa com um ser humano viciado em televisão é que você pode acordar pela manhã ouvindo da boca de um magistrado (considerado um dos grandes nomes da magistradura na França) a seguinte pérola: Porque são duas coisas diferentes a escravidão doméstica e a escravidão industrial. Na escravidão doméstica a pessoa (escrava) em questão tem um teto e duas refeições asseguradas por dia em troca do seu trabalho. Quase não poderia considerar o trabalho doméstico como trabalho escravo.
Perdão? Ouvi bem?

sábado, 6 de setembro de 2008

  • Eu sou uma pessoa cinica, consideravelmente cinica e com um estoque de paciência limitado. Detesto, de forma inimaginavel, as vitimas crônicas. Mas sabe o que não entendo? Por que elas me adoram?
  • Eu detesto metrô cheio, não gosto do suor alheio, detesto o cheiro de tabaco frio misturado com roupa suada. E não se iludam, não falo aqui de um corpo moreno, musculoso, com o suor escorrendo. Falo de gente que não se lava mesmo e que usa a mesma roupa varios dias. E porque eles se encostam em mim?
  • Abomino proselitismo religioso, quando cometem o pecado de me perguntarem pela minha fé eu respondo logo que sou atéia pois não quero que a conversa continue. A fé é privada, é intima, de uma tal intimidade que so diz respeito a mim e a entidade pela qual ergo meus olhos ao céu. E vejam ai a força da educação cristã, levantar os olhos ao céu. E por que todo fanatico que eu encontro tenta me converter?

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Como este blog esta ficando blog de mulherzinha o jeito é fazer minha lista de meus sonhos de consumo porque "mulherzinha moderna" que se preze tem sempre que fazer uma listinha de tudo o que ela queria comprar se so arrumasse um maridinho cheio do dindin.
Então aqui vão os meus desejos para os proximos séculos, porque se é para desejar mesmo eu quero que durem para sempre:
- Que a Stephanie Sinclair tenha que se reciclar e arrumar outra profissão pois não existirão mais estas horriveis violências que ela fotografa;
- Que o GAMS, as NI PUTES NI SOUMISES, as CHIENNES DE GARDE e os congressos feministas em geral não tenham razão de ser pois a mulher sera considerada um ser humano a parte inteira e não a parte defeituosa do homem;
- Que os homens de religião aprendam a jogar domino, dama, a lavrar a terra, a cozinhar, a fazer tricot, crochet, costura e bordado para ocupar suas mentes perversas, estupidas e misoginas;
- Que o mundo mereça respeito e deixe de ser tratado como a lixeira de todos;
- Que os meus vizinhos aprendam que se as lixeiras tem cores diferentes não é so pra ficarem mais bonitas no quintal,
- Que o sol lindo que estava no céu quando me despertei esta manhã continue la por alguns dias mais, para eu me sentir feliz assim com essa luz tão linda que brilha dentro de casa.
Porque cada vez que eu tento ler um blog e vejo estampado uma bolsa louis vuitton, um sapato prada ou qualquer outra peça de roupa ou acessorio cujo preço é uma falta de respeito àqueles que sofrem a miséria neste mundo, eu tenho vontade de ir la e abrir os olhos das moças na pancada, e dane-se a democracia virtual!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Completamente sem assunto, com um cansaço que empurra la do fundo, que estava dentro das tripas mas agora tem que sair de qualquer jeito porque era pouca tripa para muito cansaço. Eu tenho quase certeza que na semana que vem eu volto aqui, vou ter tempo, pela primeira vez à séculos, vou ter uma semana so para mim, para ficar em paz, ler, colocar ordem na desordem, jogar fora o que pesa na casa e nos ombros, ir a todas as exposições que ficaram para depois, dormir e acordar sem pressa e sem despertador. Tomar café da manhã todos os dias sem sair correndo, com a garrafa térmica debaixo do braço e o pão ainda entre os dentes. Quão precioso é o tempo que não perdemos conosco mesmos.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

No pais da igualdade e da liberdade a educação é um direito de todos mas não é a mesma para todos. Trabalhando na recepção de um museu muito visitado por grupos escolares tenho tido a possibilidade de ver a diferença entre grupos vindos de escolas onde a maioria são brancos e vivem em bairros de classe média e grupos vindos da periferia composta maioritariamente (se pode dizer assim em português?) por imigrantes. O descaso dos proprios professores, o despreparo de alguns acompanhantes dessas escolas fazem com que essas crianças se sintam ainda mais discriminadas, juntamos isso com o sentimento de vitimização nos quais essas crianças são educadas e temos toda uma geração de meninos e meninas que não são de lugar nenhum, pois não se sentem e não são considerados pelas pessoas mais proximas a eles depois da familia, professores e educadores, parte integrante da republica onde nasceram.

domingo, 27 de julho de 2008

De uma vez por todas:

"Em Homo sapiens sapiens, Homo significa o gênero humano, o primeiro sapiens, a espécie humana e o segundo sapiens é a raça humana. Isto quer dizer que existe so um gênero, so uma espécie e so uma raça humana."

Yvens Coppens

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Inévitablement, nous considérons la société comme un lieu de conspiration qui engloutit le frère que beaucoup d'entre nous ont des raisons de respecter dans la vie privée, et qui impose à sa place un mâle monstrueux à la voix tonitruante, au poing dur, qui, d'une façon puérile, inscrit dans le sol des signes à la craie, ces lignes de démarcation mystiques entre lesquelles sont fixés, rigides, séparés, artificiels, les êtres humains. Ces lieux où, paré d'or et de purpre, décoré de plumes comme un sauvage, il porsuit ses rites mystiques et jouit des plaisirs suspects du pouvoir et de la domination, tandis que nous, "ses" femmes, nous sommes enfermées dans la maison de famille sans qu'il nous soit permis de participer à aucune des nombreuses sociétés dont est composée sa société.

Virginia Woolf, Trois guinées

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Algum tempo atras coloquei uma foto, no outro blog, de um dos afiches com o rosto da Ingrid Betancourt que estavam circulando pela net e estava em alguns muros de Paris.
Pensava, na época, e continuo pensando que manter um ser humano em cativeiro por seis anos é uma violência inominavel, achava e ainda acho, que pelo fato da Ingrid ser uma personagem publica, era mais facil utilizar a sua imagem, não somente por ela, mas por todos os colombianos e extrangeiros que eram e ainda são reféns dessa guerrilha absurda e insuportavelmente violenta.
Nunca estive de acordo com as posições politicas de Ingrid e de seu partido, mas a considero uma mulher de grande inteligencia e de uma profunda coragem.
Mas agora, depois de sua liberação e de sua onipresença na imprensa francesa, seu rosto na capa da revista Paris Match, cujo dono é um dos grandes amigos do Sarkozy, me incomodam e me decepcionam horrivelmente.
Ontem pela televisão assisti a dois minutos, não suportaria mais, do pronunciamento da Ingrid na assembléa francesa, e não pelo pronunciamento em si mas pelos comentarios completamente fora de lugar de algumas senhoras parlamentares entrevistadas.
Me pergunto se ela começara a rivalizar com nossa primeira dama modelete para ser capa da Closer, sera que teremos Ingrid e Carla Bruni em fotos inéditas passeando pelos jardins presidenciais? Sarkozy precisa de publicidade, seu apoio publico anda caminhando ladeira abaixo e parece que agora ele tera uma outra aliada. Não bastava a esposa topmodel, agora tem também a ex-refém agradecida.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Esta semana descobri um blog muito interessante, se chama Caquis Caidos (www.caquiscaidos.blogspot.com) , escrito por uma brasileira, Adriana Lisboa.
So comecem a ler o blog se tiverem tempo disponivel pois é quase impossivel não querer ler do primeiro ao ultimo post.
A frase de Ondjaki abaixo foi indecentemente roubado deste blog, faz parte de uma carta que é uma declaração de amor literaria.
Palavras com cor e cheiro
Amarelo Limão
Vermelho melancia
Verde kiwi
Laranja Laranja
Azul... azul... azul cor do céu neste começo de verão ja tão lindo
Mala como livro e livro como bagagem. Porque a vida é algo que se leva às costas, com custo, ou sobre as mãos, com delicadeza.
Ondjaki

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Les espaces du sommeil
Dans la nuit il y a naturellement les sept merveilles du monde et la grandeur et le tragique et le charme.
Les forêts s'y heurtent confusément avec des créatures de légende cachées dans les fourrés.
Il y a toi.
Dans la nuit il y a le pas du promeneur et celui de l'assassin et celui du sergent de ville et la lumière du réverbère et celle de la lanterne du chiffonnier.
Il y a toi.
Dans la nuit passent les trains et les bateaux et le mirage des pays où il fait jour.
Les derniers souffles du crépuscule et les premiers frissons de l'aube.
Il y a toi.
Un air de piano, un éclat de voix.
Une porte claque.
Une horloge.
Et pas seulement les êtres et les choses et les bruits matériels.
Mais encore moi qui me poursuis ou sans cesse me dépasse.
Il y a toi l'immolée, toi que j'attends.
Parfois d'étranges figures naissent à l'instant du sommeil et disparaissent.
Quand je ferme les yeux, des floraisons phosphorescentes apparaissent et se fanent et renaissent comme des feux d'artifice charnus.
Des pays inconnus que je parcours en compagnie de créatures.
Et y a toi sans doute, ô belle et discrète espionne.
Et l'âme palpable de l'étendue.
Et les parfums du ciel et des étoiles et le chant du coq d'il y a 2000 ans et le cri du paon dans des parcs en flamme et des baisers.
Des mains qui se serrent sinistrement dans une lumière blafarde et des essieux qui grincent sur des routes médusantes.
Il y a toi sans doute que je ne connais pas, que je connais au contraire.
Mais qui, présente dans mes rêves, t'obstines à s'y laisser deviner sans y paraître.
Toi qui restes insaisissable dans la réalité et dans le rêve.
Toi qui m'appartiens de par ma volonté de te posséder en illusion mais qui n'approches ton visage du mien que mes yeux clos aussi bien au rêve qu'à la réalité.
Toi qu'en dépit d'une rhétorique facile où le flot meurt sur les plages, où la corneille vole dans des usines ruine, où le bois pourrit en craquant sous un soleil de plomb.
Toi qui es à la base de mes rêves et qui secoues mon esprit plein de métamorphoses et qui me laisses ton gant quand je baise ta main.
Dans la nuit il y a les étoiles et le mouvement ténébreux de la mer, des fleuves, des forêts, des villes, des herbes, des poumons de millions et millions d'êtres.
Dans la nuit il y a les merveilles du monde.
Dans la nuit il n'y a pas d'anges gardiens, mais il y a le sommeil.
Dans la nuit il y a toi.
Dans le jour aussi.
Robert Desnos

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Lela, minha querida, escrevo esse post em quase resposta ao seu, porque vi a tua indignação e olha la que de indignação eu entendo. Extrapolei, é claro, mas ai vai o que penso dos assuntos que você comentou.
Eu não acho que o Brasil é mais ou menos corrupto que antes, acho sinceramente que a imprensa brasilera por ser completamente contraria a esse governo esta fazendo o possivel e o impossivel pra manipular a opinião publica e consegue, é claro, ja que a maioria dos brasileiros passa mais o seu tempo livre na frente da televisão que fazendo qualquer outra coisa.
A de se levar em conta também que uma grande parte desses escândalos de corrupção chegam de governos anteriores, principalmente os mais escabrosos que vem la do senhor Fernando Henrique, mas isso não se fala pois ele era a menina dos olhos da globo.
Eu fico muito triste em ver pessoas em quem colocava minha confiança,Genuino, José Dirceu, sendo acusados de corrupção e espero que exista sim uma pena adequada ao crime cometido. A corrupção não é novidade em nenhuma esfera da sociedade brasileira, e a pergunta que me faço é: a corrupção incomoda por que o dinheiro publico não serve à transformação da sociedade ou a corrupcão incomoda porque eu também quero ganhar o meu?
Quando aconteceu aquela coisa escabrosa que foi a morte do João Hélio e as pessoas diziam que a culpa era de um codigo penal que não prevê uma pena adequada para um menor e por isso colocavam a culpa no governo, se esquecem que o nosso codigo não nasceu com o governo Lula, ele ja estava ai no momento do governo FHC quando aconteceram violências indecentes. Quando chacinaram em SP, Rio e Recife meninos de rua, ninguém se preocupou com o codigo, mesmo quando era do dominio publico que os assassinos eram policiais.
Mas aqueles eram meninos de rua, como diria o Caetano, quase pretos de tão pobre, e melhor assim, a cidade fica mais bonita sem pivete por ai.
Por outro lado, a tão discutida politica dos 50 reais pra ajudar a feira do pobre, so é contestada por quem tem três refeições na mesa todos os dias, quem passa fome, não ousaria contestar essa medida do governo que ja virou exemplo para alguns paises que passam pelo mesmo problema de miséria e ma distribuição de renda assim como o nosso.
A miséria do mundo te incomoda? A mim também, então faça a tua parte localmente, va fazer um voluntariado, creches, hospitais, escolas, alfabetização de adulto. Para ajudar o teu proximo não é necessario estar amparado por nenhuma instituição ou organização. So que estender a mão é dificil, pois exige que nos levantemos de nossa vida confortavel e abrimos os olhos para ver o outro, para descubrir o outro e muitas vezes fazemos ai a descoberta de nos mesmos e nem sempre é facil.
Sempre que vejo as pessoas falando da miséria que esta por ai com este ar complacente ( o que não foi o caso do teu post e sim do comentario) eu me lembro de uma tirinha da Mafalda, estavam ela e a Susaninha conversando e a Mafalda, é claro, discursando com aquela rebeldia e paixão que me é tão cara escuta da Susanita o seguinte comentario: Minha mãe se preocupa tanto com as criancinhas que passam fome no mundo, ela sofre tanto com isso, que cada vez que os vê ela vira o rosto para o outro lado porque senão ela sofre demais.
E é exatamente isso o que vi fazendo milhões de vezes tantos brasileiros preocupados com o governo Lula que "ao invés de fazer esse povo trabalhar fica dando dinheiro!". Falta so pensar que de barriga vazia ninguém consegue pegar no cabo da enxada, mas isso é la problemas desses pobres.
Quanto ao outro assunto, a exportação de estupidez que é o que fazemos, isso é tão culpa de quem fica na frente da televisão assistindo Big Brother como de quem exporta o produto, porque te asseguro, se a dança do créu (fui procurar na net porque não sabia o que era), a mulher melancia ( fui na net também e me deu vontade de vomitar), o tchan, as mulatas rebolando a bunda pra gringo ver e todos esses outros produtos de exportação não fossem primeiro aceitos pela sociedade brasileira eu não sei qual seria a chance de serem exportados.
So para informação, comi algumas vezes em restaurantes brasileiros quando morei na Italia, e em todos, sem nenhuma exceção havia uma mulher, mulata ou negra ( ai entra a discriminação neta e clara da mulher negra ou mulata tratada como objeto sexual, mas ela não estava ai obrigada, foi por escolha pessoal), com um bikini minusculo e um pavão pendurado na cabeça, rebolando entre as mesas e a unica pessoa indignada que vi por la era eu.
Não sei se na França é a mesma coisa, não entro mais em restaurantes brasileiros na Europa e essa é uma promessa, mas não duvido que seja a mesma coisa.
Você não imagina a quantidade de vezes que escutei de brasileiras, em geral casadas e sustentadas por europeus que não teriam vindo pra Europa para fazer o trabalho que eu faço, elas vieram para ser artistas (leia-se artistas que dançam para o branco) e claro para arrumar marido, e infelizmente é isso o que o europeu vê, porque aquele outro numero imenso de brasileiras imigradas na Europa, com um bom nivel de educação, que se casaram ou não com um europeu mas que em todo caso foi por escolha e não por necessidade, estão trabalhando em coisas interessantes ou não mas que ganham a vida dignamente, que não falam alto dentro do metrô e que podem escutar uma batucada sem subir encima da mesa e começar a balançar a bunda, essas ai, ninguém vê, até porque elas têm coisas mais interessantes a fazer e ca entre nos, e preciso uma boa dose de estupidez pra subir encima da mesa num bar onde ninguém esta dançando, não é mesmo?
Nos damos ao gringo o que o gringo quer, isso é um fato, não deixamos de sofrer o complexo de inferioridade do colonizado, e isso também é um fato, ainda que me doa horrivelmente admiti-lo.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

E uma agonia muito grande essa de gostar de palavras separadas. Por exemplo, agonia, tão bela e eu a coloco bestamente no meio de uma frase pobre e cadê o sentido de agonizar como agonizo quando estou agoniada? Nenhuma explicação ou tradução me satisfaz porque nenhuma consegue colher essa sensação horrivel, esse no no estômago misturado com vontade de vomitar, de roer unhas, de fumar um cigarro (não sou fumante e tenho unhas muito bonitas, obrigada).

Se eu tivesse outro blog ele se chamaria Cassandra, como a troiana amaldiçoada por Apolo, que se negou ao deus egocêntrico e egoista e teve o fim que ja conhecemos.

Eu queria um gato negro para chamar de Batard. Ia ser tão desafogante sair gritando pela casa: BATARD BATARD, cadê você BATARD DE MERDE!

A minha palavra da semana é Açucena, tão linda, tão doce, se parece a uma menina de vestido azul celeste e longos cabelos castanhos, com os pés no chão e o sorriso aberto.

sábado, 21 de junho de 2008

Palavras em espanhol para construir uma carta de amor:
Cordura
Prisa
Despacio
Silencio
Encanto
Tiempo

domingo, 15 de junho de 2008

(ISHTAR) - Ai!, menino, do que precisavas mesmo era da machadinha... flecha é pra caçar cambaxirra, pardal... Ai!, meu pequeno, quanta tristeza!, vem ca no meu colo e chora...
Se quiser leitinho, também tem.
(CUPIDO, soluçando) - Pra desencadear paixões so minhas flechas. Esse teu avestruz tem belas plumas, quem sabe se eu usasse algumas...
(ISHTAR) - Tuas flechas voariam em ziguezague, e irias ferir a quem menos miraste...
( CUPIDO, malicioso) - E não seria assim talvez o melhor?
(ISHTAR, sorrindo) - O Acaso não é tão imprevisivel nem tão enganador quanto tu, meu pequeninho safado...
(CUPIDO, sorrindo) - Parece que bem me conheces...
(ISHTAR, maliciosa) - Ora se, meu pequerrucho!, ora se...
(CUPIDO) - De onde vens, titia?
(ISHTAR) - Da Mesopotâmia, filhote. Os Deuses do Olimpo ainda nem existiam, e eu ja era uma Deusa, idolatrada pelos mortais. Pois o que seria da vida sem as loucas folias da noite. E sou eu que desencadeio a desgrenhada furia da paixão.
(CUPIDO) - Mamãe também é mais antiga que os Deuses do Olimpo.
(ISHTAR) - Um poucochito, sim.
(CUPIDO) - E eu sou muito mais antigo que Mamãe.
(ISHTAR, rindo às gargalhadas) - Mais velho que tu, meu pequenino safado, so a Porta do Inferno.

Zuca Sardan, Babylon mystérios de Ishtar

Manhoso e preguiçoso, esse Diabo Faisca, o mestre das intrigas e imbroglios de boudoir... Trabalha no lusco-fusco, ao som de cravo e mandolina. Pisa macio, pra não ouriçar Dona Tonica, a severa locandeira da pensãozinha familiar onde ele mora discretamente num quartinho dos fundos. Quando seus colegas mofam de seu paradoxal domicilio, justifica-se o Faisca, que assim pode melhor disfarçar suas secretas atividades. Ademais a pensão é baratinha. Ao que parece, Belzebu não paga tão bem quanto se imagina a seus fiéis funcionarios. Mas se o salario é baixinho, a verba de representação é polpuda. Faisca so anda de taxi. Freqüenta palacios, teatros, cassinos... e a fina flor da sociedade.

idem

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Lille, França, século XXI
No mês de abril, o tribunal de grande instância anulou o casamento de dois franceses de origem marroquina e confissão muçulmana pois a noiva mentiu sobre sua virgindade. O marido enraivecido, depois de mostrar o lençol imaculado para os convidados e a familia pediu a anulação do matrimônio.
E a pergunta que não quer calar: Depois de ter gritado aos quatro ventos que os franceses tinham que esquecer 68, esse foi o tapa na cara que o coisa ruim e seus comparsas resolveram dar na sociedade laica e igualitaria?

segunda-feira, 9 de junho de 2008

"Todo brasileiro fica obrigado a ter vergonha na cara."

Artigo unico da Constituição proposta em 1926 pelo historiador Capistrano de Abreu, segundo o qual os problemas do Brasil não estavam nas leis. Revista Nossa Historia, n.3, ano 1, janeiro 2004

Conheço tratados sobre as propriedades afrodisiacas dos frutos de mar, do gengibre, da pimenta, do alho, do po de chifre de rinoceronte, raizes de mandragora colhidas numa noite de lua cheia, de cabelo de sapo e poderia continuar com uma lista infinita.
Até agora não encontrei nenhum que tratasse das propriedades afrodisiacas comprovadas do Zouk. Nem uma moqueca de frutos de mar, bem apimentada, temperada com alho e gengibre faz o mesmo efeito que corpo, calor e zouk.
Quero ler uma monografia de algum antropologo experimentado, que discuta as propriedades ardentemente e deliciosamente indecentes do Zouk e sua influência na taxa de natalidade de comunidades onde o ritmo é presente.
En Corée et au Japon, le chamanisme est généralement pratiqué par les femmes. Être aveugle est un signe d'élection. Au nord de la Corée, la chamanesse est cherchée par les esprits, au sud elle hérite la fonction de ses parents. La maladie initiatique ne lui est pas épargnée; elle peut être visitée par un esprit amoureux et dans ce cas la vie maritale lui devient intolérable.

Mircea Eliade, Dictionnaire des religions

Na Coréa e no Japão, o chamanismo é geralmente praticado por mulheres. Ser cega é un sinal de eleição. No norte da Coréa, a chamã é escolhida pelos espiritos, no sul ela herda de seus pais. A doença de iniciação não lhe é dispensada; ela pode ser visitada por um espirito amoroso e nesse caso a vida marital sera intoleravel.

Tradução minha e feita as pressas

sábado, 7 de junho de 2008

Esta semana alguns amigos extrangeiros não europeus que vivem aqui na França receberam, assim como os franceses e outros europeus a declaração do imposto de renda. Tudo isso seria banal se não fosse por um pequeno mas decisivo detalhe: eles são clandestinos no pais e não têm a menor esperança de ser regularizados a não ser que mude o governo ou que consigam um casamento com um cidadão europeu.

Como explicar a essas pessoas, que trabalham, que têm filhos na escola mas que não são considerados cidadãos, que estão a pagar impostos que serão usados entre outras coisas para pagar aposentadorias de franceses que votaram para um candidato que prometia entre outras aberrações "expulsar todos esses extrangeiros que se aproveitam do estado social francês". Esta falando de quem cara-palida?

Estou na Europa a pouco mais de dez anos, com o passar dos anos, com a idade mais avançada e com essa experiência impagavel que é o contato com o outro eu sei que me tornei uma pessoa melhor.

Mesmo depois de todos esses anos e uma feliz regularização ainda vive dentro de mim uma rebelde passional e idealista que as vezes por cansaço ou comodismo, tenta me abandonar e eu vou la, agarro o bicho com unhas e dentes, choro e grito e peço a ela que não va, porque iria junto a minha dignidade como cidadã, minha realidade como ser humano.

Não quero viver em paz se o meu vizinho dorme com medo de ser acordado pela policia, quando o unico crime é o de ser o outro, o que assusta porque a cor da sua pele é diferente, porque se ajoelha diante de um outro deus, porque sua lingua é escrita com um outro alfabeto.

E me sinto responsavel a cada dia, porque tenho a sorte de ter um passaporte europeu e isso me faz aos olhos da lei um pouco menos diferente, um pouco menos perigosa.

Acredito piamente, que cada um de nos, extrangeiros não europeus que aqui estamos, temos que fazer tudo, o possivel e o impossivel para que esta situação mude. Não temos o direito moral de nos acomodarmos com nosso papelzinho, com nossa carta de identidade.

O outro sou eu. Ponho meus documentos, minha educação, meu tempo disponivel, a serviço de quem tem o mesmo direito mas menos reconhecimento social e civil. E tenho verdadeiro horror, desprezo e raiva de quem não faz o mesmo.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Cultura, de cultum, supino de colere, trabalho da terra, conjunto de operações proprias para obter do solo os vegetais cultivados. Cultura de batatas. Cultura de milho. Sinônimo de agricultura, lavoura, trabalho rural, cultura agri. Fundar cultura era plantar uma determinada espécie ou aproveitar o terreno com um plantio apropriado. Figuradamente, analogicamente, cultura das letras, das ciências, das belas-artes. Sempre numa aplicação parcial, especifica, localizada. Era ainda o critério francês que o Larousse servia de porta-voz: culture, étude, application de l'esprit à une chose. La culture des beaux-arts, des sciences. Développement que l'on donne, par des soins assidus, à des facultés naturelles. Entende-se que a cultura era um exercicio da inteligência aplicado a um esforço para finalidade determinada e unica. Nunca o geral, o conjunto, a totalidade. E um musculo, um orgão, um nervo. Jamais o organismo inteiro. Um rio, uma arvore, uma montanha. Não a paisagem completa.

Luis da Câmara Cascudo, Civilização e Cultura

terça-feira, 27 de maio de 2008

Tem palavras tão bonitas que nem é preciso de um texto ou de uma rima, para que elas virem poesia. Eu gosto de ficar brincando com palavra bonita, escrevê-las e reescrevê-las, com cores diferentes, com letras diferentes, um pouco com a mão direita, outro pouco com a esquerda.
Se um dia escrevesse um poema ou uma carta de amor, eu colocaria essas palavras
chavena
primavera
colibri
simulacro
inebriante
passiflora

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Tenho às vezes vontade de ser mulher séria, roupa cinza e maquiagem. A unica peça de roupa cinza que tenho é uma calça de pijama. Acho que não ficaria muito sério.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Tenho uma certa dificuldade a lidar com situações que podem melhorar consideravelmente a minha vida, carrego a nitida impressão que se é so para mim, melhor deixar para depois. Nada mais estupido.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Me procuro em arquétipos, numa mitologia impossivel
onde o homem é a besta
e a fêmea o labirinto.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Nunca tive um trabalho que me revoltasse tanto como esse que tenho agora. Acho que o fato de trabalhar num museu de etnologia, com uma reserva fantastica de 300.000 peças, com um imenso potencial de discussão e educação para a cultura e ver tudo isso, perdido em guerras de egos e preconceitos mesquinhos. Saber que muitos dos antropologos e historiadores, que se formam neste pais, não terão acesso a este espaço porque é dirigido por uma panelinha, saida de escolas de politica e administração.Ver tanta incompetência reunida, a começar pelas proprias informações escabrosas dadas aos visitantes, me desespera e me deprime. Eu preciso desesperadamente de um trabalho, num kebab café esta otimo, so preciso de gente normal, com egos de dimensões aceitaveis pelos padrões da paciência humana, quero gente competente ao meu redor, porque quero aprender cada dia e ficarei muito feliz se aprender fazer kebab assim como fico feliz numa sala de aula. O que não da é continuar acordando a cada manhã e saber que todo o meu dia sera um filme absurdo onde a unica sensação que tenho é a perda insuportavel do tempo, porque esse, quando esta perdido, perdido esta, não tem volta .

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Tenho o coração marcado de dentes, com falhas aqui e ali de uma mordida mais profunda.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Modificação genética
Poluir o meio ambiente
Causar injustiça social
Causar pobreza
Tornar-se extremamente rico
Usar drogas
São os novos pecados capitais anunciados fazem alguns meses pelo papa Bento XVI.
Ca para mim preferia os antigos, pecado que se preze tem que ter sacanagem e barriga cheia, até não gostava muito da avareza mas os nossos velhos e conhecidos pecados capitais que ja renderam tanta literatura, dão de dez a zero nestes ai, isso dão.
A Anunciação
Virgem! filha minha
De onde vens assim
Tão suja de terra
Cheirando a jasmim
A saia com mancha
De flor carmesim
E os brincos da orelha
Fazendo tlimtlim?
Minha mãe querida
Venho do jardim
Onde a olhar o céu
Fui, adormeci.
Quando despertei
Cheirava a jasmim
Que um anjo esfolhava
Por cima de mim...
(Vinícius de Moraes)

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Merlino la strinse fra le braccia e poggio le labbra sui suoi capelli. Poi, bruscamente, si separo da lei, salto a cavallo e si allontano al galoppo. Morgana lo guardo finché scomparve in mezzo agli alberi di Broceliande. E pianse come non aveva piu fatto dall'età di sette anni, nel bosco di Carduel. Ma mentre un tempo si era sconsolata fra le braccia di Merlino, ora senza quelle braccia le sembrava di aver perso un rifugio estremo, piu sicuro e potente di qualsiasi fortezza contro il mondo e contro sé stessa, e che Merlino l'avesse abbandonata ai suoi dèmoni, per sempre.

Michel Rio, Morgana

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Prière aux vivants pour leur pardonner d'être vivants

Je vous en supplie
faites quelque chose
apprenez un pas
une danse
quelque chose qui vous justifie
qui vous donne le droit
d'être habillés de votre peau de
votre poil
apprenez à marcher et à rire
parce que ce serait trop bête
à la fin
que tant soient morts
et que vous viviez sans rien faire de votre vie.
Charlotte Delbo, Une connaissance inutile.

sábado, 26 de abril de 2008

Sou feliz so por preguiça. A infelicidade da uma trabalheira pior que doença: é preciso entrar e sair dela, afastar os que nos querem consolar, aceitar pêsames por uma porção da alma que nem chegou a falecer:
_Levanta, o dono das preguiças.
E o mando de minha vizinha, a mulata Dona Luarmina. eu respondo:
_ Preguiçoso? Eu ando é a embranquecer as palmas das mãos.
_Conversa de malandro...
_ Sabe uma coisa, Dona luarmina? O trabalho é que escureceu o pobre do preto. E, afora isso, eu so presto é para viver...

Mia Couto, Mar me quer, p.9

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Nome

Por que colocar um nome destes num blog que não fala de comida?
Por que eu gosto do nome, porque gosto de tempero, porque acredito que palavras podem queimar como uma malagueta mas podem também ser doces como uma colherada de mel.
Porque gosto de cheiros e gosto de letras.
E com as letras posso brincar por aqui, copiando, inventando, aprendendo. Com o cheiro ainda não.