sábado, 24 de outubro de 2009

sábado, 17 de outubro de 2009

Argélia, Fotos

Estou publicando fotos da Argélia, a quem interessar possa, nesse endereço: www.photosamya.tumblr.com

Argélia - Mulheres

Françoise Fillion disse duas coisas em uma de suas inumeras entrevistas que me deixaram um pouco reticente, que a Argélia não tinha maturidade politica suficiente para se governar sozinha e por isso ela não era contra a independência mas sim contra a indepedência naquele momento historico. E a outra coisa, que num pais como a Argélia, o minimo direito que pudessem usufruir as mulheres teria que ser uma conquista dos homens, pois quando a metade da população não tem acesso a educação e ao conhecimento fica complicado que ela possa defender direitos que nem mesmo sabe que tem.
No primeiro caso, ainda tendo minha propria opinião, e eu tenho sempre uma opinião, eu não me sinto no direito de meter o bedelho porque ainda preciso aprender muito sobre todo o processo historico argelino antes da independência, mas no segundo caso estou completamente de acordo com essa senhora, a minima melhora na condição feminina na Argélia tera que vir dos homens e sera pela educação e pelo acesso aos meios de informação por parte das mulheres e isso serão eles a permitir.
O status quo atual so ajuda a classe politica dominante e ninguém mais, me pergunto e perguntei a varios homens na Argélia: E possivel a transformação social que os argelinos sonham depois de 62, quando a metade da população não são consideradas como cidadãs porque pertencem ao outro sexo? E como num pais dependente de uma potência extrangeira e escravista lutar pela liberação sem lutar contra a escravidão.
Porque de nada serve ser o sexo dominante e o macho que manda na tropa se essa tropa é constituida da parte mais fragil e mais ignorante da sociedade. Espero que um dia os homens se dêem conta disso, mas devo admitir que não tenho muita esperança.

Argélia

Ja estou de volta. O bom de sair de uma cidade poluida como Paris é conseguir passar semanas sem alergias e sem acordar espirrando todos as manhãs.
No resumo gostei muito de ter ido para a Argélia. Na verdade sempre quis viajar pelos paises do mediterrâneo, e dos dois lados. Eu imaginava a Argélia um pouco parecida com o Marrocos mas me enganei, alias me enganei porque temos o mau costume de pensar a Africa como um troço mais ou menos homogeneo e é um pensamento absurdo e preconceituoso.
A paisagem que vi na Argélia é de tirar o folego, montes cobertos de oliveiras e arvores frutiferas, vales cobertos de floresta, montanhas e o mar. So tem um porém, o lixo onipresente. Na Cabilia eu demorei quatro dias para ver a primeira lata de lixo, a praia é uma descarga, o unico caminhão de lixo que vi por la pegava o lixo jogado na cidade, e digo jogado porque eles vão amontoando nas esquinas até o dia da passagem do caminhão, joga o lixo nos precipios, na beira das estradas, quer dizer o primeiro vento forte ou a primeira chuva e tudo vai para o mar. Nunca em toda a minha vida o lixo me incomodou tanto, mas eu nunca tinha visto tanto lixo. Conversei sobre isso com varias pessoas locais e a resposta foi sempre a mesma, o governo abandonou a região e o lixo na verdade não incomoda ninguém. Para todo mundo com quem falei, e falei com muita gente, não tem nada de anormal em jogar o proprio lixo na rua ja que todo mundo faz.
Mas acho que mais que uma politica governamental, devem estar tentando afogar a população num mar de dejetos, a questão é mesmo educação, porque em Argel onde passei uns dias a situação é a mesma. So que la vi latas de lixo. Vazias. E o lixo no chão.
E por falar em Argel nunca tinha visto tanto barbudo junto e tanta mulher completamente velada como nesta cidade. Se na Cabilia as mulheres usam e abusam do belo traje tipico colorido que não cobre a cabeça ainda que muitas usam um lenço por questões praticas ja que passam a maior parte do tempo na cozinha, em Argel grande parte da população, pelo menos as pessoas que encontrei na rua, usam o véu e os senhores deixam a barba.
Vim de la com um gosto de quem comeu so uma colher do doce de leite e queria o pote inteiro. Não visistei a Casbah como queria, so dei uma volta. Não conheci os palacios escondidos nas vielas sombrias e não tive a oportunidade de conversar com pessoas desconhecidas. Pouco tempo e eu não estava sozinha, e detesto viajar em companhia!
Em Argel senti uma sensação de mal-estar que nunca tinha sentido em cidade nenhuma, é como se sentir que não se é bem vindo num lugar, tive a impressão que as pessoas não sorriem nunca, e que os extrangeiros não são bem vindos.
Mas esta é claro, a minha impressão pessoal e como sou otimista sei que se ficasse la uns dias a mais e pudesse vagabundear um pouco pela cidade eu mudaria de opinião.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Diario de viagem: Argelia 1

Querendo ou não terminamos sempre emitindo julgamentos de valor relativos a uma cultura diferente e fazendo comparações com a nossa, é humano e ainda que seja de um imenso etnocentrismo seria muito dificil fechar os olhos para tamanha falta de respeito ao direito das mulheres e das crianças.
Estou ainda na Argelia, mais precisamente numa região chamada cabilia, povoada quase totalmente por berberos que ja estavam aqui antes mesmo da chegada dos fenicios.
Tenho convivido com muitas mulheres, e ainda que vinte dias é pouco tempo demais para falar com segurança do que quer que seja, acho que ja consegui perceber algumas coisas.
Na lingua cabila, por exemplo, as formulas de saudaçao enderaçadas a mulher e ao homem sao completamente diferentes: Uma mulher so existe pela familia, pelo marido e pelos filhos, um homem existe por ele mesmo.Por isso quando se encontra uma mulher se diz, literalmente, que deus abençoe os teus, e ao contrario, quando se encontra com um homem, a saudaçao correta é, que deus te abençoe.
A partir dai se começa a compreender um pouquinho a relaçao entre homens e mulheres, mas isso sera para depois porque a gororoba por aqui é boa que so e eu ja vou passar a mesa.

Mercedes Sosa

Na segunda feira, dia 4 morreu umas das mais belas vozes da America Latina, e eu la, num povoado perdido da Cabilia Argelina estava completamente impedida de entrar no blog, porque, so Allah sabe.
Mercedes Sosa abriu minha mente para a musica de protesto latino americana, depois dela conheci Silvio, Pablo, Leon e todos os outros que por meio de uma poesia musical muito proximo do perfeito me ajudaram a ser quem sou, Obrigada Negra, você cumpriu como poucos a tua função neste mundo e melhorou consideravelmente a existência de todos que amamos a musica de nosso continente.