domingo, 28 de setembro de 2008

Decidi, depois de muito pensar, em pedir demissão ja na semana que vem. Foi a unica decisão possivel, trabalhar neste museu, estava me deixando doente, massacrando meus principios e meus valores. Não sei ao certo o que farei, sei que por duas semanas vou tentar por toda a bagunça em dia, inclusive uma tentativa capenga de mestrado.
Mas para não deixar aos meus cinco leitores completamente orfãos das abominaveis visitas guiadas do museu do quai branly, aqui vai a ultima, para fechar o meu sabado, depois de uma semana de trabalho:
- Começamos pela América do Sul?
- Não, primeiro veremos os objetos de arte pre colombiana da meso américa, vindos do Peru, Mexico, Bolivia e Guatemala e mais à frente verão os paises da América do Sul.

Sim porque caso vocês não saibam, arte pre colombiana é arte maya, asteca e inca, todo o resto que estava la na américa antes da chegada do Cristovão era... não sei direito, eu perguntei pra conferencista e ela me disse que os "arqueologos" não consideram o resto pré colombiano.
Eu corrigi a informação geografica mas ela me disse que assim é mais facil paras as crianças entenderem, então caros amigos peruanos e bolivianos, vocês nao estão onde pensam estar e não discutam que senão as criancinhas não entendem.
Adoro a forma como a maquina fotografica digital democratizou a fotografia. Todo mundo pode criar seu universo de imagens à parte e com a internet temos a possibilidade de compartir nosso dia a dia com um numero impressionante e antes, inimaginavel de pessoas. As distâncias desapareceram e o mundo ficou pequenininho e nem por isso menos interessante.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Artes primeiras são todos os objetos de uso geral mas com um grande valor estético produzidos por povos não ainda considerados civilizados. Ex: China, Persia, America Precolombiana entre outros.

Ouvido de uma conferencista no museu do quai branly. E agora da licença que a selvagem aqui vai se matar.

domingo, 21 de setembro de 2008

O que é que faz um ser humano de 37 anos de idade e com um certo nivel de educação acompanhado de um discurso hiper feminista gostar de reggaeton?

Eu tenho um certo problema para escrever. Ainda que oralmente tenha um vocabulario consideravel e consiga desenvolver uma conversa interessante, basta que a coisa passe para o papel, ou no caso para o computador, e eu esqueço. Assim, simplesmente, esqueço. Não encontro a palavra adequada, esqueço sinônimos, a construção perde completamente o sentido.
Essa é uma das coisas pelas quais eu quis um blog: praticar a escrita.

Não sei se isso acontece com outros imigrados, no processo de aprendizado de outra lingua ficar um pouco perdido e meio analfabeto, eu fico.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Manifestação no museu do quai branly

Ontem o museu do quai branly viveu sua primeira manifestação sindical. Tudo começou fazem ja alguns meses quando o unico representante sindical que tinhamos foi mandado embora pois queria (queria, porque não se conseguiu fazer) que fizessemos uma greve de 1 hora (sim, vocês leram corretamente UMA HORA. Ontem, por volta das três da tarde um grupo da CGT Cultura decidiu ocupar a recepção do museu com suas bandeiras vermelhas e seu grito de guerra, mas claro, sem nenhuma violência ou ofensa mais grave, a tal ponto que um dos muitos policiais que vieram para defender "as pessoas de bem" de uma duzia de manifestantes passou a tarde bocejando (fui testemunha).
Quatro coisas me ficaram desta manifestação:
1 - nenhum trabalhador do museu esteve manifestando, porque se manifesta perde o emprego!
2 - os agentes da segurança que são explorados e humilhados de forma revoltante estavam prontos, como bois mandados, ou deveria dizer cães de caça? a defender o empregador injusto e muito, muito desonesto,
3 - depois da manifestação terminada e da reintegração do trabalhador e representante sindical, tivemos ainda que escutar o discurso, demagogico e imoral do nosso patronato que entre muitos elogios ao nosso perfeito comportamento e gestão da situação, decidiu nos tratar de imbecis quando disse que ha muito estava tomada a decisão de readmitir o empregado em questão e que a manifestação foi inutil e provocatoria,
4 - alguns (poucos é verdade) de meus colegas de trabalho que estavam traumatizados pelo susto e pela violência. Susto? Violência? tenham do de mim!

Mas sabem o que era mais chocante? haviam so dois jornalistas presentes, uma francesa incomodada pois queria visitar o museu e não tinha vindo para assistir tamanha baderna e um italiano, que trabalha num jornaleco de direita, aliado a alianza nazionale(ex partido fascista, bando de ignorantes!) e que passou uns bons minutos discursando sobre os bem feitos do governo berlusconi no meu ouvido, que diga-se de passagem ja virou penico a muito tempo.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Oh, posso sorrir e inclinar a cabeça,
E beber suas palavras inflamadas com seus labios impacientes,
E pintar pra você minha boca com um batom perfumado,
E desenhar as linhas de sua fronte com a ponta de meus dedos iniciados.

Quando me repete a lista de seus amores,
Oh, posso rir e me maravilhar, com olhos contentes.
E você me retorna o riso sem adivinhar
As mil pequenas mortes em meu coração agonizante.
E acha, de tanto que conheço meu papel,
Que sou alegre como a manhã, leve como a neve,
E todas as coisas tensas que estão em meu coração,
Nunca as conhecera.
E assim que você me quer - admirativa, alegre e verdadeira,
Mas você não vê meus olhos grandes, abertos à noite.
E, quando, à procura de novidades se evadir,
Oh, posso beija-lo bravamente, quando for...
E o que se passa, meu amor, enquanto esta longe,
Não sabera jamais.

Dorothy Parker

domingo, 7 de setembro de 2008

As vezes esqueço. Mas é pura preguiça de lembrar. Lembrar cansa. As vezes doi.
O bom que ha em viver na mesma casa com um ser humano viciado em televisão é que você pode acordar pela manhã ouvindo da boca de um magistrado (considerado um dos grandes nomes da magistradura na França) a seguinte pérola: Porque são duas coisas diferentes a escravidão doméstica e a escravidão industrial. Na escravidão doméstica a pessoa (escrava) em questão tem um teto e duas refeições asseguradas por dia em troca do seu trabalho. Quase não poderia considerar o trabalho doméstico como trabalho escravo.
Perdão? Ouvi bem?

sábado, 6 de setembro de 2008

  • Eu sou uma pessoa cinica, consideravelmente cinica e com um estoque de paciência limitado. Detesto, de forma inimaginavel, as vitimas crônicas. Mas sabe o que não entendo? Por que elas me adoram?
  • Eu detesto metrô cheio, não gosto do suor alheio, detesto o cheiro de tabaco frio misturado com roupa suada. E não se iludam, não falo aqui de um corpo moreno, musculoso, com o suor escorrendo. Falo de gente que não se lava mesmo e que usa a mesma roupa varios dias. E porque eles se encostam em mim?
  • Abomino proselitismo religioso, quando cometem o pecado de me perguntarem pela minha fé eu respondo logo que sou atéia pois não quero que a conversa continue. A fé é privada, é intima, de uma tal intimidade que so diz respeito a mim e a entidade pela qual ergo meus olhos ao céu. E vejam ai a força da educação cristã, levantar os olhos ao céu. E por que todo fanatico que eu encontro tenta me converter?