segunda-feira, 30 de junho de 2008

Lela, minha querida, escrevo esse post em quase resposta ao seu, porque vi a tua indignação e olha la que de indignação eu entendo. Extrapolei, é claro, mas ai vai o que penso dos assuntos que você comentou.
Eu não acho que o Brasil é mais ou menos corrupto que antes, acho sinceramente que a imprensa brasilera por ser completamente contraria a esse governo esta fazendo o possivel e o impossivel pra manipular a opinião publica e consegue, é claro, ja que a maioria dos brasileiros passa mais o seu tempo livre na frente da televisão que fazendo qualquer outra coisa.
A de se levar em conta também que uma grande parte desses escândalos de corrupção chegam de governos anteriores, principalmente os mais escabrosos que vem la do senhor Fernando Henrique, mas isso não se fala pois ele era a menina dos olhos da globo.
Eu fico muito triste em ver pessoas em quem colocava minha confiança,Genuino, José Dirceu, sendo acusados de corrupção e espero que exista sim uma pena adequada ao crime cometido. A corrupção não é novidade em nenhuma esfera da sociedade brasileira, e a pergunta que me faço é: a corrupção incomoda por que o dinheiro publico não serve à transformação da sociedade ou a corrupcão incomoda porque eu também quero ganhar o meu?
Quando aconteceu aquela coisa escabrosa que foi a morte do João Hélio e as pessoas diziam que a culpa era de um codigo penal que não prevê uma pena adequada para um menor e por isso colocavam a culpa no governo, se esquecem que o nosso codigo não nasceu com o governo Lula, ele ja estava ai no momento do governo FHC quando aconteceram violências indecentes. Quando chacinaram em SP, Rio e Recife meninos de rua, ninguém se preocupou com o codigo, mesmo quando era do dominio publico que os assassinos eram policiais.
Mas aqueles eram meninos de rua, como diria o Caetano, quase pretos de tão pobre, e melhor assim, a cidade fica mais bonita sem pivete por ai.
Por outro lado, a tão discutida politica dos 50 reais pra ajudar a feira do pobre, so é contestada por quem tem três refeições na mesa todos os dias, quem passa fome, não ousaria contestar essa medida do governo que ja virou exemplo para alguns paises que passam pelo mesmo problema de miséria e ma distribuição de renda assim como o nosso.
A miséria do mundo te incomoda? A mim também, então faça a tua parte localmente, va fazer um voluntariado, creches, hospitais, escolas, alfabetização de adulto. Para ajudar o teu proximo não é necessario estar amparado por nenhuma instituição ou organização. So que estender a mão é dificil, pois exige que nos levantemos de nossa vida confortavel e abrimos os olhos para ver o outro, para descubrir o outro e muitas vezes fazemos ai a descoberta de nos mesmos e nem sempre é facil.
Sempre que vejo as pessoas falando da miséria que esta por ai com este ar complacente ( o que não foi o caso do teu post e sim do comentario) eu me lembro de uma tirinha da Mafalda, estavam ela e a Susaninha conversando e a Mafalda, é claro, discursando com aquela rebeldia e paixão que me é tão cara escuta da Susanita o seguinte comentario: Minha mãe se preocupa tanto com as criancinhas que passam fome no mundo, ela sofre tanto com isso, que cada vez que os vê ela vira o rosto para o outro lado porque senão ela sofre demais.
E é exatamente isso o que vi fazendo milhões de vezes tantos brasileiros preocupados com o governo Lula que "ao invés de fazer esse povo trabalhar fica dando dinheiro!". Falta so pensar que de barriga vazia ninguém consegue pegar no cabo da enxada, mas isso é la problemas desses pobres.
Quanto ao outro assunto, a exportação de estupidez que é o que fazemos, isso é tão culpa de quem fica na frente da televisão assistindo Big Brother como de quem exporta o produto, porque te asseguro, se a dança do créu (fui procurar na net porque não sabia o que era), a mulher melancia ( fui na net também e me deu vontade de vomitar), o tchan, as mulatas rebolando a bunda pra gringo ver e todos esses outros produtos de exportação não fossem primeiro aceitos pela sociedade brasileira eu não sei qual seria a chance de serem exportados.
So para informação, comi algumas vezes em restaurantes brasileiros quando morei na Italia, e em todos, sem nenhuma exceção havia uma mulher, mulata ou negra ( ai entra a discriminação neta e clara da mulher negra ou mulata tratada como objeto sexual, mas ela não estava ai obrigada, foi por escolha pessoal), com um bikini minusculo e um pavão pendurado na cabeça, rebolando entre as mesas e a unica pessoa indignada que vi por la era eu.
Não sei se na França é a mesma coisa, não entro mais em restaurantes brasileiros na Europa e essa é uma promessa, mas não duvido que seja a mesma coisa.
Você não imagina a quantidade de vezes que escutei de brasileiras, em geral casadas e sustentadas por europeus que não teriam vindo pra Europa para fazer o trabalho que eu faço, elas vieram para ser artistas (leia-se artistas que dançam para o branco) e claro para arrumar marido, e infelizmente é isso o que o europeu vê, porque aquele outro numero imenso de brasileiras imigradas na Europa, com um bom nivel de educação, que se casaram ou não com um europeu mas que em todo caso foi por escolha e não por necessidade, estão trabalhando em coisas interessantes ou não mas que ganham a vida dignamente, que não falam alto dentro do metrô e que podem escutar uma batucada sem subir encima da mesa e começar a balançar a bunda, essas ai, ninguém vê, até porque elas têm coisas mais interessantes a fazer e ca entre nos, e preciso uma boa dose de estupidez pra subir encima da mesa num bar onde ninguém esta dançando, não é mesmo?
Nos damos ao gringo o que o gringo quer, isso é um fato, não deixamos de sofrer o complexo de inferioridade do colonizado, e isso também é um fato, ainda que me doa horrivelmente admiti-lo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Lá no Diários de Bicicleta eu escrevi uma vez sobre o Brasil ser um país de tolos e acabei o post dizendo que, infelizmente, eu sou do tipo que o vejo na beira do precipício e, se brincar, ajudo a empurrar pra cair de vez! Sou acomodada e conformada, embora às vezes me indigne e escreva essas coisas.
Eu sou direita conservadora, sou PSDB desde antes de saber o que era isso, ainda criança já simpatizava com este partido e seus políticos. A imprensa realmente é contra o governo Lula, por isso mesmo já há muito parei de ler sobre o governo dele nos jornais e revistas semanais porque as matérias, de vez em sempre, beiram o escárnio!
Acima de tudo eu acho que "o Brasil está na situação que está" e não é de agora porque o povo é como eu: conformado! Tendo comida tá bom porque, já cansei de ver, há famílias que não se preocupam mais em procurar o trabalho que não existe porque o governo lhes garante uma ninharia que, por sua vez, garante a comida na mesa, mesmo que escassa, mesmo que não adeqüada. O que mais me tira do sério é ver que não existe mais espírito "caras pintadas" neste país, que aqueles que têm acesso à informação não estão mais preocupados de verdade em fazer revoluções, seja pra melhorar, seja pra mostrar que estão descontentes.
Pra ser bem honesta, o que mais me dá nojo é o povo, a política é reflexo do cidadão e o programa CQC na Band (procure aí, vale a pena) tem mostrado isso brilhantemente com seus testes de honestidade nas ruas: brasileiro, no geral, não é honesto, por que o político tem que ser?
No mais, a gente vai levando, dando o famoso jeitinho e rindo, porque chorar não resolve nada!
Um beijo Samya. Mostre aos europeus que as brasileiras não são todas vagabundas, que nem todas querem vida fácil usando o dom da bunda. Oh, rimou...

Anônimo disse...

Olha só o que acabou de acontecer: acabamos de ver num jornal que foi oficializada a candidatura da Marta Suplicy à prefeitura de São Paulo. Eu falei "ela tem coragem de se candidatar depois de tudo" e minha mãe disse "será que vão votar nela?" e eu disse "olha, paulistano vive dizendo que o Maluf rouba mas faz, se pensam assim, por que não votar nela de novo?"
É disso que eu falo sabe? Quer dizer, não importa se o Maluf enriqueceu com nosso dinheiro, o importante mesmo é que ele melhorou a cidade de São Paulo. Daí votam nele e a sujeira não acaba nunca porque não só somos cumplices mas também incentivadores.
O pior de tudo é ter de conviver com a certeza de que nunca vai ser realmente bom. Você já leu "A Utopia", de Thomas More? Eu odiei o sonho dele de humanidade perfeita, achei sacal ao extremo... não adianta, nunca vai ser bom pra todo mundo, alguém sempre vai reclamar... eu parei, prometo! ;-)

Ciça Donner disse...

Mana, minha primeira vez aqui e já virei fa. Compartilho com vc muitas de suas ideias e sentimentos epor isso me sinto a vontade para falar: a corrupcao me incomoda pq me sinto traída pls corruptos. Confiei e Dircei e Geraldinos me trairam. Isso doi muito!!!